Na Índia é proibido por lei saber o género dos bebés antes do nascimento. É crime, punível com pena de prisão (até 5 anos) para todos os envolvidos, incluindo pessoal médico, e com o pagamento de um laque (cerca de 1400 euros). A razão é simples: nos anos 2000, estima-se que 6 milhões de fetos tenham sido abortados por serem do sexo feminino. A consequência: para cada 1000 homens há, neste momento, 940 mulheres.
Aqui em Goa já vi cartazes. Saber o género antes do nascimento é crime. O aborto selectivo é crime. Mas para muitas mães o que é crime é ter nascido e dar à luz uma mulher. A mulher é considerada um encargo pelas populações humildes. Uma filha requer o pagamento de um dote quando for altura de casar. Uma filha nasce com a promessa de uma prole que simboliza mais encargos para a família. Uma filha é uma vergonha iminente porque aqui tudo o que acontece de mal a uma mulher é culpa dela.
Mas a culpa dos abortos selectivos aqui é primariamente do avanço tecnológico. Desde que a altura em que a ecografia começou a permitir conhecer o género do feto, o número de abortos aumentou. É por isso que agora é proibido dar a conhecer uma coisa que de onde venho é uma informação feliz. Aqui não é.
Aqui significa o possível aborto voluntário de futuras mulheres.
Eu creio que é por isso que o desenvolvimento na Índia tem sido tão lento que estar aqui em Nagoá de Vernã parece ser o mesmo que estar no fim do mundo. Porque aqui há esta mentalidade de que a mulher é inferior ao homem, apesar de sem ela não haver sequer futuro. Porque aqui a mulher nem sempre tem as mesmas oportunidades que o homem. Porque aqui a mulher tem mais dificuldades de chegar onde chega um homem. E, que eu saiba, a falta de igualdade é directamente proporcional à falta de desenvolvimento.
Vanessa
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