sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Em frente

Tenho reparado nisto sempre que vou à cidade. As pessoas não se desviam. Nos passeios sou sempre eu recolher-me para não chocar com alguém que venha em sentido contrário. Sou eu que arranjo forma de enviesar-me para que passemos sem confrontos ou que saio do passeio. Por vezes tenho a impressão de que sou invisível. Por outro lado penso que as pessoas da cidade parecem acometidas por essa maleita chamada de letargia. Por exemplo. um dia estávamos a estacionar o carro e no lugar que queríamos estava uma mulher com um bebé ao colo. Ela não se desviou. Acabámos por ocupar quase dois lugares.

Não é impressão minha. Aqui as pessoas não se desviam. Já fiz o teste. Não me desviei durante alguns metros. Um choque de ombros. Uma mala contra mim. Mais um choque, só ao de leve porque a pessoa lá se mexeu um bocadinho sem ser para a frente. Desisti. Prefiro andar aos ziguezagues do que andar a tropeçar em desconhecidos no meio da rua. Às vezes temos de ser nós a ceder.

Vanessa

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