Na primeira noite, a internet não funcionou logo. A viagem tinha sido exaustiva, a chegada atribulada e a previsão de uma casa sem internet num fim de mundo como este foi no mínimo deprimente. Até que a electricidade foi abaixo. Aqui acontece muito. Nesse momento pensei na hierarquia das necessidades de Maslow e em como há certas comodidades que estão mal colocadas na hierarquia que fui construindo.
Não ter internet não me pareceu tão assombroso como não ter luz de todo, por isso tudo correu melhor assim que a sala se iluminou novamente. Hoje, quatro dias depois dessa noite, faltou a água. Caso bem mais grave. Depois de aqui ter escrito de manhã que tinha tomado o primeiro de outros duches, não houve possibilidade de mais duches. Que destino cruel num dia de mais de 30 graus de temperatura.
Quando faltam coisas aqui, faltam também previsões de quando vão regressar. Apostámos que voltaria de certeza hoje e saímos para fazer umas compras que se prolongaram. Se tivéssemos voltado cedo ainda não haveria água. Assim, tudo se compôs. Deve ser assim que os locais pensam. Que tudo vai cair nos eixos porque a gravidade dá uma ajuda. Ou que basta um empurrão, que deus dá o empurrão que falta.
Por enquanto não sei nada dessas coisas. Sei apenas que me soube bem o segundo duche, já de noite e com o jantar feito, apesar de a água não ter pressão. Aqui vive-se numa constante falta, de tal forma que passamos a apreciar o pouco que se vai mantendo ou o pouco que volta depois de uma ausência. Por isso mesmo, estamos sempre à espera do próximo imprevisto. Ele há-de aparecer.
Vanessa
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