quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Brandos costumes

Abriu um supermercado Pingo Doce no Restelo, Lisboa (Portugal), que vai funcionar 24 horas.  É a segunda loja da cadeia que vai estar sempre em funcionamento. É que nunca se sabe aquilo que podemos precisar a horas impróprias. Os desejos arrebatadores, nossos e dos outros, não têm hora e é sempre preciso alguma coisa. 

Por isso, é preciso um supermercado que nunca feche. Se eu precisar de lixívia porque, imaginemos, tenho desejos de limpar a sanita após um sonho perturbador, e me deparar com a situação de não ter lixívia, já estou assegurada. Se o jantar não tivesse bastado e o chocolate X me tivesse vindo à ideia para matar a insatisfação, também já tinha remédio. Ah, esperem. Lembrei-me de que não estou em Portugal.

Em Pirni, Goa, há uma moradia (nem chega a ser uma loja) onde se vende pão. Aqui chamam-no bakhri, apesar deste pão ser mais parecido com o pão de pita do que com um crepe salgado (bakhri é o nome de uma espécie de chapati). O padeiro recebe clientes uma hora de manhã e uma hora à tardinha. Normalmente chega a ser menos tempo, porque a oferta está limitada ao stock existente e o stock esgota depressa.

Parece que passei de um extremo para outro. Do consumismo quase frenético para a sobrevivência do mais desafogado de tempo e posses financeiras. Pelo menos estou no sítio certo. Só preciso de pão de manhã ou de tarde. Não 24 horas por dia. Agora, se ao menos o padeiro fizesse promoções especiais nos feriados... (Referência aos saldos que o Pingo Doce costuma fazer em feriados nos quais abre as lojas e ainda incita ao consumo.)

Vanessa

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