O subúrbio é sempre uma zona para onde se pode fugir do desvario do centro das localidades. Em Portugal, o meu chega a ser deprimente. É muito difícil que os arrabaldes não se transformem num dormitório sem actividades recreativas. Nagoá de Vernã é um pequeno subúrbio em Goa. No fundo, é uma zona residencial onde todo o charme está concentrado nas vivendas majestosas com detalhes coloniais, cores esbatidas pelo clima e pequenos pormenores que fazem lembrar as casas dos contos de fada.
O movimento próprio do comércio concentra-se numa rua chamada Pirni. É mesmo quase só uma rua, onde param diversos autocarros, onde pára o trânsito para deixar fluir o trânsito de pessoas, onde as buzinadelas são música de introdução a lojas onde se vendem produtos em embalagens coloridas e onde é preciso explicar o que se quer não só com palavras, como também com gestos para garantir que a mensagem chegou ao destinatário.
O ponto alto para mim é a chamada biblioteca, ao lado do ginásio. Ambos estão perpendiculares a um campo de futebol que atrai rapazes de calções e bronzeado carregado. O ginásio é um quarto com máquinas de exercício físico, música alta com o baixo a fazer estremecer as janelas e uma mensalidade equivalente a 1,5 euros. Não há balneários, mas aparentemente a música vale a pena e não há horário fixo. Que se saiba.
A biblioteca é outro quarto com um espaço suficiente para uma prateleira inteira a que gostava de conseguir dar vazão antes de ir embora de Goa. O repertório inclui John Green, John Grisham e Ken Follet. Nada mau para um subúrbio. Em Portugal, o meu subúrbio nem biblioteca tem. Este conta com a colecção Harry Potter e até a das 50 sombras do homem cinzento e mal-humorado. Do lado direito, alguns computadores estão por montar. Com sorte, vão passar a fornecer internet também. Para já, bastam-me aqueles livros. A senhora disse que por conhecer o meu tio eu vou poder requisitar os títulos que quiser para ler em casa.
Os livros são o meu tipo preferido de exercício físico. Do ginásio, vou só aproveitar a música de cada vez que visitar a biblioteca. Tipo todos os dias ou algo do género.
Vanessa
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