sábado, 26 de dezembro de 2015

Onde pára o português?


- Fico tão satisfeita quando oiço falar português! - ouvi, depois de sentir uma mão segurar-me no ombro numa rua de Pangim. A senhora seguiu o seu caminho com um sorriso nos lábios, como que a demonstrar que realmente ficava satisfeita por ouvir o idioma, e deu um último aceno de mão antes de desaparecer por uma rua de lojas e vendedores ambulantes. Eu e o meu tio rimos.

O declínio da influência portuguesa começou em 1961, de acordo com os manuais de história que já vi, mas na verdade a influência ainda se faz sentir. Ficaram os nomes de ruas, os apelidos das pessoas, mesmo que as gerações mais novas da família já não falem português a não ser para pronunciar o seu próprio nome, os pratos de inspiração lusitana ou que os portugueses cá deixaram, e até costumes.

Pelos sítios que já visitei, o português é apenas uma memória. Para alguns saudosa, para outros um pormenor sobre o qual ouviram falar algures e para outros totalmente indiferente. Eu ainda fico surpreendida quando vejo ou ouço algo que me faz lembrar Portugal, mas sei que dentro de pouco tempo não será assim. O meu cérebro está quase habituado a estar num país por onde portugueses passaram e deixaram ficar coisas.

Vanessa

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