O dia em que o médico me disse que eu andava a ter ataques de pânico e ansiedade deixou-me um pouco... em pânico. Afinal de contas, sintomas físicos tão desesperantes tinham de ter uma causa física, não? Para começar, sim. Houve uma infecção respiratória. Mas depois disso, não. Estava tudo na minha cabeça.
Depois, duas semanas sem um sono seguido não melhoraram o quadro.
Passaram dez dias desde o diagnóstico e eu tomei um ansiolítico. Quem me conhece sabe que sou aversa a tomar comprimidos para funcionar. Mas durante dez dias tomei um comprimido, porque aquilo que estava na minha cabeça transformava o corpo num frenesim que só quem já sentiu pode perceber.
Amigos e familiares perguntavam a medo se achava que queria ir embora.
O quê? Voltar para Portugal quando ainda nem tinha conseguido desfrutar daquela que me têm vindo a dizer (desde que nasci) que é a minha terra? Ir embora, quando o problema se manifestava principalmente à noite, no escuro, e não na rua, não a observar as paisagens, não a interagir, não a passear?
Fui ficando, porque me parecia que qualquer que fosse o problema, ele tinha viajado comigo de Portugal para Goa e era meu, não do sítio onde estava.
A sensação de pânico e a ansiedade eram-me familiares, mas nunca com esta gravidade literalmente sufocante, que atacava a eito e já começava a querer fazer parte dos meus dias, além das noites.
O que se passa, não sei. Há ainda a possibilidade de existir uma causa física e isso vai ser esclarecido. Da mesma forma como tenho a quase certeza de que o problema veio comigo, sei que aqui tenho mais probabilidades de o resolver. Se não se resolver, será acalmado e/ou terei de me habituar ao acto de panicar de vez em quando.
Este não é um tópico digno de orgulho, mas enquanto não souber mais sobre ele, faz parte da experiência. Não é assim uma coisa muito normal, mas normalidade também nunca foi comigo.
Também não há que ter vergonha do acto de panicar sem razão aparente. A internet serve para este tipo de coisas. Encontrar outras pessoas que sentem ou sentiram o que sentimos.
Vanessa