segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Tempos modernos

Estivemos sem internet e sem telefone por mais de um dia aqui na casa Sena. Felizmente eu tinha mais de metade de um livro para ler e (hoje) tempo suficiente para ir buscar outro à biblioteca. Por fazer ficaram as ligações para Portugal, a socialização digital e até o uso do dicionário. A minha vizinha que é também prima esteve sem internet por três dias. Também ela sobreviveu sem mazelas.

Eu fiz batota e usei os dados do telemóvel para ler emails. Para o Facebook quase não deu. Na verdade, por estranho que pareça, o tempo passou rápido. Parece que antes do aparecimento da internet havia vida. Ouvi dizer. O que se ouve não fica guardado para sempre nas clouds se ninguém tiver gravado. Depois é assim. Uma pessoa tem de se fiar na memória e é o que é.

Aqui parece que voltei atrás no tempo. Como quem diz, voltei atrás na internet, que é a mesma coisa.

Parece que tenho de novo dezasseis ou dezassete anos. Lanço olhares de frustração para o router, como em adolescente olhava para o modem, como se a internet tivesse medo das consequências da sua irregularidade e decidisse estabilizar-se de uma vez por todas para eu não andar a ver a coisinha a rodar.

O problema é que aqui e hoje em dia a internet serve para mais do que andar em fóruns, ver vídeos, pesquisar coisas loucas e essas coisas que em adolescente fazia.

Aqui a internet serve para coisas adultas (não, não é ver vídeos pornográficos ou andar pelo Facebook), como comunicar com o resto do mundo (muito importante hoje em dia), andar atrás das burocracias de Portugal (ai, e-fatura e em breve IRS, e ainda estar a par das coisas do banco) e, acima de tudo, trabalhar.

Tempos modernos é isto. É eu estar em Goa a fazer coisas de Portugal ou estar em Goa e falar e escrever português na internet. É eu poder trabalhar sem ser aos soluços ou comunicar por vídeo-chamada sem cortes.

Os tipos da BSNL (a operadora indiana) é que podiam meter isso na cabeça. Parece-me que ainda estão ocupados lá na sede deles, a pintar gravuras rupestres. Ouvi dizer.

Vanessa

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