terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Igualdade

Pode não ser em proporção igual, mas em locais de construção vêem-se muitas mulheres hindus a trabalhar em pé de igualdade com os homens. Sempre que as estradas são alargadas, vejo homens e mulheres a trabalhar ao longo das vias, a carregar pedras, a demarcar limites e a cavar. Só não vi ainda mulheres a manobrar máquinas e outros equipamentos. Não percebo se este lado da igualdade de géneros é um sinal de evolução ou se é um sinal de extrema necessidade. Não percebo se é paralelo à igualdade em outras áreas ou se é um caso isolado. 

A meu ver, Goa é ainda retrógrada em relação às mulheres. Exemplo: mais depressa as pessoas se importam com o meu estado civil do que com o facto de ter tirado um curso superior, perguntando frequentemente se tenciono casar e ter filhos. Mais depressa as pessoas parecem importar-se com o meu aspecto físico, comentando sobre a minha silhueta ou detalhes da minha aparência geral, do que com o meu trabalho ou outra coisa qualquer. 

Já fui aconselhada, por família, a sorrir mais, a usar adornos no pescoço e nas orelhas e a ter filhos o mais rápido possível. São tudo aspectos que certamente enervam as mais feministas que conhecem bem o carácter preconceituoso de tais sugestões e que me enervam a mim também, a mim, pessoa que tenta não se deixar afectar pelo movimento feminista mais radical porque insatisfeita no geral já é, mas que não consegue esconder um certo nojo por saber que essas coisas são ditas por ser mulher.

Aqui não se vêem mulheres indianas a beber ou a fumar em público. Não há mulheres de mini-saia ou decotes acentuados. Certamente que não há mulheres a amamentar em público. Aliás, quase não vejo bebés. Os programas de televisão indianos que vi, daqueles estilo os Óscares, mostram um país que não parece este em que estou, com mulheres a dançar sensualmente com roupas justas ou estrategicamente recortadas para mostrar mais pele do que as mulheres que andam pelas ruas de Goa mostram.

Há certamente alturas em que se nota que estou perante uma cultura diferente, mas há outras em que me parece que as coisas estão a mudar mesmo à frente dos meus olhos. Não me parece que a igualdade chegue ainda durante a minha geração. Nem em Portugal há igualdade total, quando mais aqui, um país ainda em desenvolvimento. Espero poder observar mais numa cidade maior. Sempre gostei de estudos antropológicos. Mumbai vai certamente trazer-me mais respostas.

Vanessa

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