domingo, 31 de janeiro de 2016

Os bichos









Este último pôs-se à minha frente. Claramente queria ser fotografado.

Vanessa

Paciência

A maior parte das actividades que considero normais em Portugal são exercícios de paciência aqui. Consigo cumprir todas as obrigações biológicas e até alguns caprichos, mas porque desci os meus padrões.

Se quiser trabalhar, por exemplo, o que chega a ser um capricho, tenho de me habituar a demorar quatro horas extra por comparação ao tempo que levo em Portugal. Ontem foi um dia especialmente mau. Aquilo que podia ter feito entre seis e oito horas, talvez menos, demorou umas 14. Sem exageros.

Porque aqui tenho de demorar mais tempo em coisas como o trabalho, tenho de me contentar com refeições simples e rápidas (para os critérios daqui), porque aqui não há produtos como feijão enlatado ou legumes já lavados e cortados, e também com o minha mãe cozinha, coisa a que já me tinha desabituado.

Por demorar mais tempo entre trabalho e actividades mais rotineiras, não sobra muito mais tempo. Por vezes sacrifico trabalho em prol da caminhada diária. Por vezes demoro mesmo uma semana (tempo limite da biblioteca) a ler um livro, apesar de poder lê-lo em três ou quatro dias noutras circunstâncias.

Às vezes tenho de respirar fundo quando estou a trabalhar online e a internet falha ou a luz se eclipsa. Às vezes tenho de respirar muito fundo quando não houve tempo para uploads e gravações e as coisas perdem-se no vácuo digital. Já contei até 10 muitas vezes e vou ter que continuar a contar.

Vanessa

sábado, 30 de janeiro de 2016

Postalito


Trabalho. Leitura. Conversa. Caminhada. Dormir. Enxaguar e repetir. Por isso, tomem lá um postal daqui. Foi num dia em que levei a câmara para a caminhada diária e não me arrependi.

Vanessa

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Em frente

Tenho reparado nisto sempre que vou à cidade. As pessoas não se desviam. Nos passeios sou sempre eu recolher-me para não chocar com alguém que venha em sentido contrário. Sou eu que arranjo forma de enviesar-me para que passemos sem confrontos ou que saio do passeio. Por vezes tenho a impressão de que sou invisível. Por outro lado penso que as pessoas da cidade parecem acometidas por essa maleita chamada de letargia. Por exemplo. um dia estávamos a estacionar o carro e no lugar que queríamos estava uma mulher com um bebé ao colo. Ela não se desviou. Acabámos por ocupar quase dois lugares.

Não é impressão minha. Aqui as pessoas não se desviam. Já fiz o teste. Não me desviei durante alguns metros. Um choque de ombros. Uma mala contra mim. Mais um choque, só ao de leve porque a pessoa lá se mexeu um bocadinho sem ser para a frente. Desisti. Prefiro andar aos ziguezagues do que andar a tropeçar em desconhecidos no meio da rua. Às vezes temos de ser nós a ceder.

Vanessa

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Deixa estar


Há dias em que falta trabalho ou falta internet, falta vontade e falta silêncio, e por isso mais vale deixar estar. Se não dá, não dá. Há aqui muito que não depende de mim, o que é uma coisa a que não estou habituada. Por enquanto. Pouco a pouco será melhor. Não depende de mim haver uma ligação de internet em condições, isto é, estável e contínua, para conseguir trabalhar sem quebrar o ritmo com as falhas. Não depende de mim haver pessoas que precisem do trabalho que faço. Não depende totalmente de mim ter vontade ou concentração para trabalhos aborrecidos ou para aqueles que me ultrapassam em conhecimento. Pronto, deixa estar. Já sabia mais ou menos que ia ser assim aqui. Não esperava que fossem tantos os dias, mas assim todas as limitações funcionam como um curso daqueles condensados em pouco tempo sobre como fazer jus à música Don't Worry Be Happy. Ainda não o concluí com mérito, mas a assiduidade é perfeita.

Na terça consegui desfrutar de uma tarde descansada, a ler no alpendre e a debicar um doce que a E. tinha feito com chá. Como aprendi palavras novas e quase terminei o livro, não me pareceu que tenha desperdiçado tempo. Já tive menos pena de não conseguir trabalhar, realmente. Não valeria a pena ficar a ruminar e estragar o dia. Às vezes consegue-se pensar assim. Outras vezes perde-se tempo a ruminar.

Por falar isso (ruminar = erva = verde), quem indagar que coisa verde é aquela: é um doce chamado sooji (ou suji; encontrei várias denominações na internet). É uma polenta doce, por assim dizer.


Vanessa

Book Review | Endless Night by Agatha Christie

I must say all of the books by Agatha Christie I read, I read them when I was a teenager. Now that I picked up this Endless Night book at the library, I feel as though I should reread all Christie's books and even get to the ones I missed. An old flame has been rekindled with double the strength, it seems.

I've only read a few of the odd books (as I call those that are neither related to Poirot nor Miss Marple), but I never read such a thin and fast paced one written in the first person. I had no trouble diving into the world of this young man with great aspirations but with a humble background, and his journey into the rich man's world accompanied by a lovely lady he met while on the British countryside.

I was 80 pages from the end and I really thought this must be just one book of a series. It could not possibly end in 80 pages! Well, it did and it did not disappoint. The twist was somewhat predictable, but not all of it. It was a nice, gloomy surprise such as the ones Agatha Christie so cleverly draws. 

At first I thought the book was too short to make one feel something for the main character, but I have a different opinion now. The book is the perfect size for the plot it developed and for the characters it introduced. It wasn't as flourished as some of the other books I read in the past, but it had brilliant touches here and there, much like a painting that seems bland at first, before the details pop out on the landscape.

I do remember now why I spent so many evenings reading Agatha Christie's books. They're marvelous and delicious, without ever being boring, without ever being too condescending, without ever being enough. I now feel like going to the library and fetch me another mystery like this one.

8/10

Vanessa

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Horas marcadas

A rotina aqui é parecida com a que tinha em Portugal. Não há hora marcada para quase nada, com a excepção de que tento ir dormir antes da meia-noite e acordar pelas oito ou nove, o que é uma mudança drástica para mim, que sempre preferi trabalhar noite dentro e acordar pela hora de almoço.

Agora não dá, que aqui a hora de almoço é sinónimo de letargia com o sol a pique.

De resto, não há hora marcada. Refeições, idas à cidade, compras em Pirni, idas à biblioteca e até banhos, é quando calha ou quando dá mais jeito que o fazemos.

A única coisa que tem uma hora quase rígida é a hora da caminhada, às cinco. Amigos que me conhecem, não se riam. Agora, durante uma das alturas mais produtivas do meu dia em Portugal, podem encontrar-me pelas planícies goesas e mexer o traseiro, coisa que raramente fazia, e a esticar as pernas, que bem precisavam.

A caminhada tem a duração de uma hora. Uma hora inteirinha a caminhar, em passo apressado. É quase jogging, mas não abusemos da vontade. Por agora andar chega e sobra para ficar com os músculos doridos.

Para quem parecia acorrentada à secretária, já conta para alguma coisa.

Vanessa

Vê lá onde pões as mãos


Se há gesto que mais me lembra de que não estou em Portugal é este. Mãos na comida, sem cerimónias. Seja numa tenda, seja num café daqueles que fazem lembrar os padrões europeus, não há pinças para servir. Há mãos. Quando vamos comprar salgados, aperitivos, qualquer lanche. Servem as mãos, sem cerimónias, muitas vezes para levar a comida até um recipiente, seja ele de plástico ou uma folha de jornal. 

Tudo de forma despreocupada, própria de gente que está habituada a servir desconhecidos com as mãos. Para mim, mais estrangeiro que este hábito não há e é algo a que provavelmente nunca me vou habituar.

Obviamente, uma pessoa começa por desconfiar que estes indivíduos não lavam as mãos da forma exigente que temos em mente para alguém que lida tão de perto com coisas que depois vamos levar à boca. Digo, com álcool e fogo. Vá, com álcool e muito sabão e álcool novamente. Depois disso, uma pessoa começa a indagar-se sobre o que terão estes indivíduos feito com as mãos no período anterior à nossa chegada.

É claro que, com a prática, uma pessoa consegue ignorar os pensamentos e ignorar hábitos de higiene que aprendeu e que viu ao longo de 28 anos, caso contrário seria muito difícil encontrar um sítio para comer em Goa. Até agora não tive problemas de estômago, tirando um claro excesso de gordura abdominal que indica que estou demasiado habituada a ver estranhos pegar na minha comida com as mãos e a não importar-me com isso, de tal forma que como essa comida sem preconceitos.

A vinda até Goa está a auferir resultados gratificantes no campo do não pensar, claramente. Estou um passo mais próxima de conseguir meditar como os monges profissionais. Não creio que consiga imitar os seus hábitos alimentares, mas a meditação é uma adição que já me preenche as medidas.

Vanessa

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Celebração da república na Índia

Hoje é feriado nacional pelo 67.º aniversário da implantação da república na Índia. Num post no Facebook, Mark Zuckerberg chama-lhe a maior democracia do mundo. Aqui em Goa, muitas celebrações deste género passam despercebidas. Em Nova Deli ou Mumbai talvez seja mais animado, com festividades na rua. Aqui é um dia calmo, como sempre. Vou manter a câmara pronta, mesmo assim.

Há muitas coisas que não sei como aqui funcionam, tanto em termos políticos como no que toca a costumes. Parece-me um sistema mais simples, ou pelo menos menos explícito em leis ou regulamentos, mas com muitas regras tácitas que só alguns sabem. Aqui há muitos intermediários para tudo, mas é preciso conhecer pessoas que conhecem pessoas. Amigos de amigos que conhecem quem faça acontecer. É tudo muito assim, porque parece que nem os funcionários públicos sabem muito bem como as coisas funcionam e não há coisas escritas em todo o lado como em Portugal.

Não sinto que esteja numa república como a de Portugal. Sinto que estou num vácuo, onde muito está por fazer e onde há ainda coisas por descobrir. Parece que aqui está tudo em permanente começo. Que seja uma boa continuação de começo, então, e que esta celebração signifique ainda mais democracia no futuro, ainda mais igualdade, ainda mais transparência e ainda mais desenvolvimento.

Vanessa

Branco mais branco


Acontecem tantas coisas emocionantes aqui, que um dos pontos altos do fim-de-semana passado foi o banho que o Branco levou, que o deixou ainda mais branco. Repare-se na diferença com uma foto do antes:


O Branco não é fã de banhos, mas parece que o próximo já está agendado para daqui a um mês. Não sei se os mimos que recebe depois de tão cruel tortura com água e sabão o deixarão mais dócil para a próxima vez.

Vanessa

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Bolacha maria hindu


Provei e aprovei. As bolachas maria da marca Patanjali (ayurveda) são parecidas com as portuguesas, mas mais leves e menos doces. Apesar de não ter xarope de glucose, contém aroma artificial e aditivos. Só comprámos mesmo para experimentar. Com chá, o pacote foi num instante.

Vanessa

Book Review | Next by Michael Crichton

I find myself diving into science fiction from time to time whenever I see a name that pops out. Of course, Michael Crichton is one of those names that stands out on a bookshelf, especially if it's right next to Twilight. No judgment here, by the way. I have read the Twilight books, but nothing compares to the author of Jurassic Park. So Next is a science fiction story about genetics and ethics. That's how I would sum it up. Even more important, it was the last book he published.

There're all these characters whose paths cross at some point, while they have to deal with their personal problems and also with some futuristic twist that has to do with all the genetic suppositions Crichton creates and elaborates based on actual events. From cell patents to engineering to mutations to law implications to biotechnology, this book covers a massive range of possibilities that we may have to deal with.

To make it all even more realistic, throughout the book there're media clippings of real stories that relate to the story or to a particular character development. They all added a little something to the plot. I must confess I had to check some of them to see the real people behind such unbelievable events.

Overall, this seemed a very interesting plot to be turned into a movies or even a television series, much like Crichton's previous works. My favorite bits are those related to transgenic procedures, either animals enhanced with human genes, or animals modified to suit human needs. As attention grabbing as this, genetic testing to implicate people in court, which seemed to be a way to include some dark humor to the plot through stories of predisposition to behaviors or illnesses that implicate someone facing a judge.

I am still digesting this book, as there are so many interesting bits of information that need more research. It's disheartening that Next was the last of Crichton's books, but he did leave us a great legacy. This one grabbed me from the start and is already a dear one. "This novel is fiction, except for the parts that aren’t." That's how the book started. I sure hope some of the things he describes stay fiction.

10/10

Vanessa

Conversas de café

Um dos meus passatempos preferidos é conversar, especialmente num sítio onde haja café. Acho que é um hábito muito português que adquiri precisamente por ter vivido tantos anos em Portugal. Chamo-lhe passatempo, mas o intuito das conversas não é apenas passar o tempo. Isso é só uma consequência (nefasta) que advém de nos estarmos a divertir e, na verdade, de querermos que o tempo não passe depressa.

Estou cá há mais de um mês e as únicas conversas de café que tive aqui não envolveram café. Foram duas, essas conversas, e com dois desconhecidos: o médico da família Sena e um dos dentistas da família.

O que diz isso sobre mim? Primeiro, que não sei falar a língua local. Segundo, que quem fala a língua local ou não sabe inglês ou não percebe o meu inglês. Terceiro, que a maioria dos temas de conversa que presenciei e que percebi não me interessaram. Minimamente. Quarto, que não conheço ninguém aqui que se interesse pelo que eu me interesso. Quinto, que em Portugal tenho amigos espectaculares.

O meu inglês parece ser muito diferente do inglês goês. A maioria das pessoas com quem tenho de falar em inglês não me percebe logo à primeira volta. Às vezes à segunda também não, o que é um problema quando se me esgotam os sinónimos. Depois eu também não as percebo a elas. Aparentemente o meu sotaque americanizado não cai bem nos ouvidos goeses, e o sotaque dos de cá, konkanizado, também não conquistou ainda a minha compreensão. Na maioria das vezes acabo por usar só o sujeito e o verbo com a ajuda de gestos para ver se me faço entender e lá vai resultando.

Às vezes as coisas correm mal. Um dia, fomos pôr gasolina. Aqui há funcionários que fazem isso, como acontecia antigamente em Portugal. Eu disse que eram 400 rupias. Houve ali um qualquer mal-entendido e ele programou a máquina para 1000 rupias. A minha mãe tinha na mão uma nota de 1000 rupias. Talvez ele a tenha visto e em vez de processar o que eu disse tenha processado o que os olhos viram. Passaram as 400 rupias e a máquina não tinha parado. O senhor estava a aviar outros clientes. Tivémos de o chamar. Houve ali um momento de mal-estar, porque ele disse que eu tinha pedido 1000 rupias. Eu não me pude defender porque nesse dia não usei gestos como habitualmente. Sempre que dito números uso os dedos para corroborar e nesse dia não o fiz. Depois de algum tempo em que o senhor ouviu poucas e boas da minha mãe, lá pagámos.

Aqui há sempre a possibilidade de sermos mal entendidos. Usamos códigos de comunicação diferentes. Temos hábitos diferentes. Eu sou parecida com os locais; tenho o mesmo tom de pele, a mesma cor de cabelo, talvez algumas outras semelhanças; mas sou tão estrangeira como os brancos de pele vermelha que vejo nas praias. Com esses brancos eu teria mais probabilidades de conseguir ter uma conversa de café. Com os locais teria de ter uma conversa de chá, porque aqui o café não vale grande coisa, porque aqui tenho de ser menos estrangeira porque, como dizem os portugueses, quem está mal que se mude. 

Eu vou tentar mudar-me, mas só um pouquinho, porque entretanto apeguei-me a ser estrangeira aqui também. Deve ser porque em Portugal fui estrangeira por 28 anos.

Vanessa

Tendências Primavera/Verão

Qualquer evento público implica tirar do guarda-roupa as roupas mais festivas e coloridas. Dos tecidos acetinados aos transparentes, das lantejoulas ao veludo, os eventos transformam-se em autênticos desfiles de moda. Por eventos perceba-se: festividades religiosas. Ainda não vi aqui uma festividade pagã ou uma ocasião que não tivesse um cariz católico. Ainda assim, os domingos  e feriados parecem-se também ser dias para vestir bem. Fica aqui uma pequena compilação:






Vanessa

domingo, 24 de janeiro de 2016

Eu queria votar

Mas este ano não vai dar. Por isso, votem por mim, sim? Eu sei que nem era preciso relembrar, mas votem com juízo, que já estamos a precisar de coisas-que-nem-me-vou-dar-ao-trabalho-de-descrever há algum tempo. Quando eu vir o novo presidente da república de Portugal decido se volto ou não. Juízo, sim?

Vanessa

Sanna: pãezinhos goeses

Sannas são equivalentes ao idli indiano, mas com adição de coco. São, por isso, ligeiramente mais doces.

Para resumir, são pãezinhos cozidos a vapor, esponjosos e reconfortantes no estômago.

Cá em casa fazem-se com arroz cozido e coco triturados, e usa-se seiva de coco (sura) para fermentar. 

A massa é colocada em formas pequenas e cozida em banho-maria.

Depois de cerca de 15 minutos estão prontos.

E ficam a arrefecer.

Algumas das formas são ainda recheadas de jagra (açúcar de palmeira) e coco para fazer sannas doces.

Vanessa

sábado, 23 de janeiro de 2016

My First World Problems

Last week I mentioned a Wall Street Journal article in which super rich Indians complained about not being able to use their super expensive luxury cars since roads in India are pathetic. I used irony to express my feelings about their first world problems, but I am biased when it comes to that. Most of my complaints are also first world problems, as I grew up in Portugal, an European country that made me used to certain comforts that I am now finding difficult to live without. I know I am a bit spoiled.

This week I found myself quite sad about not being able to see Star Wars at the cinema here. It's no longer available in any of the INOX theaters in Goa. I did take a while to finally go there, but the movie was only available for about two weeks and I had other things to do. I did not expect it would be gone so soon.

I also cursed the internet services quite a few times this week. It has been hard to rely on the internet to work for about two hours straight without a glitch. When there's no problem, the electricity fails. When there's no energy problems, I have pressing matters at hand. There's always something.

I find the lack of book stores in Goa both intriguing and annoying. I have been able to get books from the library at Nagoá de Vernã, but I know I will find it difficult to go there at times. I want to buy some books for those occasions when I don't have the time to go there.

I miss french fries. I miss Portuguese potatoes, actually. I did have some at KFC just to beat the craving, but I miss being able to get fries any time I want or cook potatoes without them crumbling.

Those are some of my first world problems that especially haunted me this week. 

Vanessa

Zoom no máximo

Fotos tiradas aqui no jardim dos Sena.









Vanessa

Trabalho hipnotizante

Grande parte do meu trabalho consiste em transcrição. Transcrição é, na verdade, uma das minhas actividades preferidas, excepto quando é obra-prima para depois construir algum artigo, coisa que já não faço algum tempo. Aí é uma obrigação e torna-se uma actividade chata. Gosto de transcrição por si só. Gosto de ouvir um ficheiro de áudio sem saber sobre o que vai ser. Mas os meus trabalhos de transcrição preferidos são sessões de hipnotismo. Sessões no geral, mas as de hipnotismo especialmente. No entanto, espanta-me conseguir teclar sem adormecer. Calculo que as minhas insónias sejam mesmo persistentes. Espanta-me também não ter adquirido ainda nenhum dos benefícios de algumas sessões em específico. Algumas são dedicadas a ajudar a pessoa a ser mais confiante, a ser mais saudável, a ser mais ambiciosa. Nenhuma resultou comigo. Calculo que sejam ossos do ofício. Estou imune ao hipnotismo.

Vanessa

Nem de perto

Há medidas que são subjectivas. Aqui a distância mede-se no contexto de que aqui tudo significa longe para mim. Por isso, quando aqui se diz que um local é perto, essa medida não condiz com a minha. O perto para mim é ao virar da esquina ou a uns cinco minutos a pé ou algo do género. O perto para os goeses pode ser a 10 minutos de carro. Já aconteceu ser mais do que isso. Porque aqui tudo é longe. Porque a Índia é 40 vezes Portugal. Porque aqui anda-se muito para chegar a algum lado.

É por isso que o meu cérebro agora tem dois pesos e duas medidas.

Vanessa

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Problemas de primeiro mundo num país de terceiro mundo

Os pobres dos super-ricos indianos não se podem comportar como os super-ricos normais. Num artigo do The Wall Street Journal, um desses super-ricos queixava-se que não tinha onde andar com o seu Lamborghini laranja aqui na Índia, porque não havia estradas com condições para tal destreza.

A indústria dos automóveis de luxo está em crescimento aqui, mas não tanto como podia estar. Os principais problemas de primeiro mundo que travam o crescimento, além da falta de estradas com condições dignas de um país desenvolvido, são os impostos altos (140%) que acrescem ao valor de tidos veículos e a dificuldade em encontrar locais para a manutenção das máquinas. 

Além disso, os carros de luxo com assentos mais baixos, são um transtorno em locais com o trânsito caótico pela falta de visibilidade. Há que relembrar que aqui há todo o tipo de veículos a circular, vindos de todos os lados.

A conclusão? Os super-ricos da Índia adquirem super-carros, mas só mesmo pelo status (ou porque podem), porque conduzi-los está difícil. Por outro lado, as estradas e o trânsito são tão maus aqui, que nem bons carros nos safam.

Vanessa

Modelitos

Vi-os por aí e a minha lente gostou deles. Excepto este primeiro, que já dispensa apresentações.







Quem conseguir ver este último não precisa de ir ao oftalmologista.

Vanessa

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Proximidade

Aqui convive-se de perto com o lixo que fazemos. A recolha do lixo é coisa recente e é feita uma vez por semana, ao sábado. Só recolhem o lixo sólido. Antes disso e até hoje em dia, a maioria do lixo é queimado nos quintais. O final da tarde é quase sempre marcado pelo odor das queimadas. O fumo faz lembrar o nevoeiro dos dias de Inverno em Portugal, mas tenho que confessar que as fogueiras, inclusivamente na rua, nos locais de escoamento de água, dão um autêntico espectáculo pirotécnico impossível de ignorar.

Aqui não há supermercados como em Portugal, com tudo embalado e regado ou encerado para parecer mais fresco, com produtos já lavados e cortados, com talhos e peixarias cheias de requintes exigidos pela ASAE. Aqui compram-se os produtos a quem os produz ou a pessoas próximas de quem os produz, vê-se galinhas antes de lhes ser cortado o pescoço, compra-se o peixe mesmo ao lado de onde se deitam as tripas e os restantes cortes, de onde emana um cheiro nada agradável. 

Aqui não tenho esquentador e, para não tomar banho de água fria, já sei precisamente quanta água gasta o meu banho diário. Duas cafeteiras de 1,7 litros cada uma, devidamente diluídas com água fria para fazer o morno ideal, se quiser lavar o cabelo; uma se for uma coisa mesmo rápida; duas se estiver mesmo a precisar daqueles banhos de onde saem ideias inspiradoras.

Aqui convive-se com o que queremos e com o que não queremos. O melhor e o pior. Não há grande excepção, a não ser que nos barriquemos e fervamos tudo com mãos protegidas por luvas antes de ter de lidar com o que quer que seja. Acabo por estar num local mais sincero, onde se vê em primeira mão a consequência directa de qualquer coisa que façamos. Não quer dizer que goste.

Vanessa

Golpe de sorte


Não tive de esperar muito tempo com a máquina em riste e os braços a doer. Para esta foto, o que fiz foi literalmente olhar para trás, testemunhar as cores, sacar da máquina, ajustar um detalhe, ver um corvo a passar por mim com uma trajectória que ia embater no meu enquadramento, focar e disparar.

Há muitas fotos que acontecem assim aqui em Goa. Estou num sítio muito fotogénico.

Vanessa

Silêncio

Tenho a impressão de que aqui, tal como em Portugal, as pessoas têm necessidade de preencher o silêncio, mesmo que não tenham nada de muito importante a dizer ou que o rádio não esteja a transmitir música, mas homilias e versículos da bíblia. Não percebo o que há de tão errado com o silêncio, que o abafamos de tal forma que há sempre alguma coisa para ouvir.

Aqui, tal como em Portugal, sinto falta do silêncio. Não do silêncio pesado, do silêncio oco, mas do silêncio em que não há vozes e no qual eu consigo ouvir-me.

Vanessa

Book Review | Digital Fortress by Dan Brown

Super fast paced and easily digestible. Digital Fortress is a techno-thriller written by Dan Brown that combines intrigue, romance and bits of history solved into bits of fiction. It's about a famous US organization, codes, code breaking and, of course, conspiracy theories supported by some facts or fiction.

The plot is always dynamic in its essence, even when narrating romance. The main characters are Susan and David, who are an incredibly handsome and smart couple. He is a professor who knows six or more languages, she is an expert in mathematics and the director of code breaking in said US organization. They are both fit for Sexiest People Alive, apparently, which always seems to happen in Dan Brown's novels. I'm yet to find super smart people that are also super gorgeous in real life, but okay.

It was not at all hard to read this book. I finished it in about four days, mainly because I cannot stand cliffhangers. Brown likes them too much for my taste. However, that's already his style and it does help in these kind of fast paced plots, with something always happening.

What I did not like was the convenience of certain details that moved the plot forward, much like what had happened in previous books like The Da Vinci Code and Angels & Demons. If you do not like deus ex machina instances, you probably don't like Hollywood movies nor Brown's books.

I learned two or three fun facts to break the ice at parties with this book. It also made me research facts that my memory deemed interesting enough to keep for future reference.

The climax and conclusion did not leave me hanging, although they were not entirely satisfying, but the story overall was interesting and fun to read. I mean, I finished it in four days after all.

6/10

Vanessa

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Chuva

Hoje, quando acordei, pensei que estava em Portugal. Estava um dia cinzento e o lençol deixava passar a brisa fria da manhã. Não cheguei a ver a chuva, mas o cheiro da terra húmida era testemunha suficiente.

O clima tem estado ameno. Para os de cá, está frio. Eu, que já me habituei, também acho frio. De noite, quase desde que cheguei, tenho usado um casaco de malha. O lençol é de flanela.

A L. disse que hoje o dia está triste. Eu cá fiquei contente com a falta de sol, para variar um pouco o constante clima de Verão. Continua calor suficiente para usar t-shirt, mas o chá sabe melhor.

Eu raramente falo ou escrevo sobre o tempo, mas hoje pareceu-me indicado.

Vanessa

A trabalhar para o sistema imunitário


Na semana passada estivemos no terreno dos Sena para ir buscar cocos. Enquanto esperávamos que a E. cutucasse os ditos para que caíssem, desatámos a limpar o jardim. Não tinha sido propositado, mas na noite anterior tinha lido que após tomar antibióticos, é sempre bom repor as boas bactérias que possam ter sido também eliminadas do organismo. Tinha lido também que, além de consumir probióticos e iogurtes, uma das melhores formas de fortalecer o sistema imunitário era inocular.

E que uma das melhores formas de inocular era pôr as mãozinhas na terra, hábito cada vez mais em vias de extinção nos nossos dias. Não foi propositado, mas achei por bem agarrar a oportunidade. O exercício físico também não me fez mal nenhum. Teria sido ainda mais útil não comer quase dois cocos a seguir. Ao menos assim repus também os electrólitos ou lá o que são essas coisas.

Entretanto, a minha mãe está uma fotógrafa nata, não?

Vanessa

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Como é conduzir na Índia?

Em Goa pelo menos, posso dizer-vos, é uma experiência assim para o horrível.

Imaginem as piores estradas de Portugal. Daquelas em aldeias ou nos subúrbios que fazem as pessoas questionar para onde vai o dinheiro dos impostos. Aqui, a maioria das estradas são assim.

Há buracos, remendos, mais buracos, obras intermináveis, terra batida que aparece sem aviso.

Imaginem troços de estrada com uma largura que equivale, em Portugal, a vias de sentido único. Aqui a maioria das estradas são assim, mas suportam dois sentidos e às vezes três: o da ultrapassagem.

Além de buracos e tudo o que já foi mencionado, aos quais não podemos fugir porque, lá está, as estradas são apertadas em largura, há ultrapassagens do lado esquerdo e do lado direito, e há ultrapassagens à nossa frente, porque os condutores que vêm no sentido contrário têm sempre muita pressa, mesmo que não haja espaço suficiente para ultrapassar e que haja um embate de frente iminente se um de nós não se desviar, e há ainda as ultrapassagens às ultrapassagens. Há ainda os peões, quando estamos em centros movimentados, assim como riquexós, bicicletas, stands de produtos e vacas.

Imaginem o caos de um grande centro urbano em Portugal, tipo o Marquês de Pombal em Lisboa, ou até uma IC19 em hora de ponta. Aqui parece ser sempre assim e em estradas com piores condições.

Há sempre carros e motas que não ligam a cedências de passagem, peões que se fartam de esperar (e com razão), animais de rua e percalços no geral. Por isso, é preciso ter o pé sempre em cima do travão, porque há sempre muita coisa a atravessar-se à nossa frente durante o pára-arranca.

Imaginem o maior buzinão português que tenham testemunhado. Isso aqui é o pão nosso de cada dia.

Aqui buzina-se antes de se ultrapassar e às vezes durante. Buzina-se para reclamar, claro. Buzina-se para que se desviem. Buzina-se para cumprimentar alguém conhecido. Buzina-se porque sim e porque não.

Imaginem todo este cenário. Agora imaginem que quase todos os carros são topo de gama. Por isso, isto é como estar no meio de uma tribo na selva onde, em vez de trajes minúsculos feitos de folhas, toda a gente se veste como se fosse para um evento formal todos os dias. Foi a analogia que me ocorreu. Não queria ser má-língua, mas não consigo falar bem do trânsito indiano ou da experiência de conduzir em Goa. Quanto ao resto da Índia, é o que se vê naqueles vídeos que andam pelo Youtube.

Vanessa

Lanchinhos

Tivemos a sorte de encontrar uma viagem que nos permitiu trazer 46 quilos de bagagem. Desconfio que no regresso, os 46 quilos vão estar à volta da minha cintura e não no porão. Porque será? Ora:

Laddu de frutos secos e especiarias. O meu preferido.

Um bolo estilo panetone com cobertura de maçapão que a L. me deu.

Um folhado de cogumelos que a minha mãe me trouxe um dia.

Uma goiaba que, pelo tamanho, mais parecia um coco verde.

Romãs. Muitas.

Xéu. O meu aperitivo de eleição. Gosto dos que são doces e têm leguminosas à mistura.

Uvas. As minhas preferidas continuam a ser as pretas.

Sanna. Pãezinhos de arroz e coco, cozidos a vapor. Os castanhos são doces.

Vanessa