sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Essa coisa chamada publicidade

Quando fiz um estágio num jornal nacional concretizaram-se todas as teorias em relação à publicidade sobre as quais tinha ouvido falar em aulas. Aliás, materializou-se a pior de todas.

Pouco tempo depois de ter começado a ver o meu nome publicado no jornal e já passada a fase mais crítica do orgulho próprio, do brio que me levava a reler os meus artigos vezes sem conta à caça de erros (que nem sequer podia corrigir porque o jornal já estava publicado) e do encantamento em geral, a editora da secção onde estagiava disse que tinha de editar um artigo de página inteira, marco indiscutível na minha curta carreira, o mais rapidamente possível. Senti uma impressãozinha na boca do estômago enquanto revia mentalmente todos os possíveis erros que poderia ter dado no artigo, mas acontece que quando se escreve numa edição diária não há tempo para grandes explicações logo na altura, por isso fui logo fazer o que me tinham pedido.

O que tinha então acontecido: tinha havido uma troca qualquer do espaço reservado aos anunciantes e era preciso mais espaço para fazer entrar publicidade de última hora. Ah, a tal da ditadura da publicidade sobre a qual me tinham falado tantas vezes durante a faculdade. A pior das teorias sobre a publicidade, a tal que não tinha dó nem piedade, que levava tudo a eito  e que nos obrigava a dizer amén aos seus caprichos.

Não era bem assim. "A publicidade paga os nossos ordenados" ouvi alguém dizer na redacção em jeito de explicação. Pois, mas eu estava a trabalhar de borla. Digo, a trabalhar para ganhar experiência e, como bónus, ver o meu nome num jornal nacional de renome. Não me parecia de todo adequado sacrificar o conteúdo que poderia eventualmente justificar a publicidade da página, por exemplo. Nessa altura prezava-se muito isso de agrupar temáticas. Artigos de desporto com publicidade de marcas de desporto. Assim em diante.

Façamos agora uma prolepse (figure de estilo que não usava desde o secundário). Depois de empregos e biscates, analiso muitas das actividades das quais desfrutei, tantas graças ao usufruto de descontos e outras acções promocionais. Não é que se não fosse a publicidade, eu teria tido uma vida tão mais aborrecida?!

Como poderia eu saber que evento tal estava com 50% de desconto ou que empresa X estava a oferecer vouchers ou que restaurante Y oferecia uma benesse quando o grupo fosse grande?

Acontece que do lado do consumidor, a publicidade é uma grande ajuda. Hoje em dia, com tanta concorrência, é através da publicidade que podemos escolher as melhores opções ou que, pelo menos, podemos estar melhor informados sobre produtos e serviços. Como consumidora, sei que as empresas não querem correr o risco de deixar pessoas descontentes. Sei que as redes sociais têm um impacto grande e que até aí posso reclamar.

Muita publicidade significa variedade, variedade significa concorrência e concorrência significa guerras de preços. Como consumidores, temos muito a ganhar com isso.

Do lado do conteúdo, presumo que a publicidade continue a ser uma dor de cabeça. Para mim não foi, na altura de escolher conteúdos publicitários para o blogue. Sim, este é um artigo em jeito de explicação pelo aparecimento de banners com serviços e produtos. Sim, coloquei publicidade no blogue. As campanhas publicitárias que podem ver aqui não reproduzem a minha opinião, mas podem representar oportunidades interessantes. Não estão totalmente ligadas ao conteúdo em si, mas também não fogem muito aos tópicos sobre os quais escrevo. A publicidade foi a forma que encontrei para rentabilizar o blogue por enquanto.

Logo verei se é uma opção que vale a pena. Por enquanto, não vejo a publicidade com tão maus olhos como há alguns anos e além disso até dá um toque de cor aqui ao meu espacinho.

Vanessa

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