sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Retratos

Raramente tiro fotos. Não gosto de tirar selfies porque não tenho jeito nem vontade. Há muito tempo que sou eu a a fotógrafa de serviço (com muito gosto) e por isso mesmo não sou apanhada pela objectiva. Quando me tiram fotos nunca gosto de me ver. Admiro quem sai sempre bem nas fotos e até admiro aqueles que não são muito exigentes quanto às fotos de si que publicam. Não sei se sou demasiado exigente, demasiado tímida, demasiado desinteressada, mas tenho mais fotos de paisagens e de outras pessoas do que fotos de mim. 

Hoje é uma boa oportunidade para agrupar as minhas fotos cá em Goa. Não há muitas, as que há não têm grande qualidade, mas ainda assim são fotos de mim e podem mostrar um pouco a forma como os outros me vêem. Servem também de documentário destes dias e servem para perder a timidez de aparecer. Além disso, um dia vou gostar de as rever.

Dezembro de 2015. Tinha chegado há pouco mais de uma semana e fui passear com o tio R. Ele achou adequado, por alguma razão, fotografar-me a segurar o portão de um bar no qual não entrámos perto de uma cascata algures em Nuvem. Nestes dias eu estava desconfortável de forma geral. Notam-se as pernas inchadas e o ângulo não ajudou. Vê-se um pouco do desconforto na minha cara, ainda que tenha esboçado um sorriso na altura.

25 de Dezembro. Antes da missa na Consoada. Avisaram-me que aqui as pessoas se vestem a rigor para as cerimónias. Este é o melhor vestido que trouxe. Ainda me estava a ambientar a Goa. Todas as fotos daqui em diante foram tiradas pela minha mãe.

Na mesma noite, para mais tarde comparar as parecenças com os meus bisavós maternos, Maria Piedade Vaz e António Benedito Sena. Há algumas. Qual seria a probabilidade?

Última semana de 2015. Tarde em Colva.

Ainda na última semana de 2015 num restaurante em Margão. Gosto desta porque tenho um ar sorridente mas awkward, à falta de melhor termo em português.

Janeiro de 2016, na cascata de Nuvem. Da cascata pouco se vê, mas além de mim aparece uma família inteira lá ao fundo. Vimos também um homem tomar banho quase nu. Não o fotografámos, não.

Ainda Janeiro, em Velsão Beach. Foto pouco espontânea, mas gosto muito da minha sombra.

Chegámos a Fevereiro. Não me parece que a pose me favoreça, mas gosto da minha expressão serena e penso que tenho um ar bastante saudável. Devia era ter encolhido a barriga.

Não sei se tenho ar de quem tem 29 anos. Olho para mim e ainda vejo maçãs do rosto de criança (tradução: uma cara bolachuda), pernas curtas para o que ainda pretende andar (metaforicamente, só, que em Goa sou mais alta do que a média) e uma idade mental que varia consoante o contexto. De qualquer forma, começa agora a minha passagem de ano, mas não há ainda resoluções.

Vanessa

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