quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O filme It foi um hit

As crianças sabem instintivamente que se se esconderem debaixo de um cobertor estarão protegidas dos assustadores seres nocturnos que invadem o seu quarto. No livro e nos filmes com o nome It, criação de Stephen King, não há disso. A Coisa, como se chama em português, é um ser imune a qualquer subterfúgio e personifica os piores medos das crianças. Não admira que o filme já tenha ultrapassado os lucros mundiais de O Exorcista (mais de 441 milhões de dólares) com mais de 448 milhões de dólares segundo os últimos dados.

O livro e o filme retratam os desafios de um grupo de losers adolescentes, cada um com problemas ou desvantagens mais graves do que as habituais desta fase da vida, que se unem por uma causa comum. Na verdade duas causas. Primeiro são mal-tratados pelos seus pares e depois por um palhaço chamado Pennywise the Dancing Clown. Este último é geralmente o pior. O enredo alicerça-se nos problemas pessoais deste clube de adolescentes rejeitados para depois traçar um cenário bem pior, bem ao estilo de King.

O filme resulta porque chega apenas a uma parte do livro (já há uma sequela confirmada), apesar de pessoalmente não gostar da separação gratuita de partes ou de vários livros para fazer uma série de filmes. Neste caso, é essa a razão pela qual a audiência se pode deixar apaixonar por cada uma das personagens. O meio pior receio era a exploração da violência a que a personagem Beverly Marsh, a única rapariga do grupo, está sujeita no livro. No filme, Bev acaba por ser o pilar do grupo sem perder a dignidade.

Bravo ao realizador Andy Muschietti não só por isso, mas também por ter conseguido replicar os cenários aterrorizantes da mente claramente perturbada (no bom sentido... acho eu) de Stephen King, por ter capturado a aura da cidade ainda que tenha escolhido uma linha temporal diferente, nos anos 80 em vez de nos anos 50, e pela cena inicial que me perturbou ao ponto de não ainda não me ter conseguido esquecer de Georgie.

Não sei se todos os fãs de filmes de terror irão partilhar da mesma opinião, mas acho que vale a pena a tentativa. It é uma das personagens mais icónicas do terror, na minha opinião, por causa do seu passado fascinante e bem desenvolvido. Para quem viu o filme e não leu o livro, o livro contém todas as respostas.

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Vanessa

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