segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Coisas corriqueiras

Este foi um fim-de-semana de comer coisas que sabem bem mas fazem mal à saúde, de estar com amigos que já são família, de ver filmes maus e bons. Foi um fim-de-semana de inverno e o clima esteve à altura.

No meu antigo blogue era habitual escrever sobre os aspectos mundanos da vida, descrever eventos, estados de espírito, coisas sem muita substância. O meu antigo blogue era mais anónimo do que este e não sei até que ponto esse aspecto tornava mais fácil a escrita de coisas corriqueiras. Havia uma certa leveza.

Agora as coisas são mais pensadas porque assino com o meu nome. Não há pseudónimo quando desabafo e por isso há um maior cuidado em tornar politicamente correctas as minhas publicações. Mas é sem querer.

Por outro lado, penso mais nas coisas. Se dantes pensava que pensava muito, a idade piorou o meu estado introspectivo. Às vezes até me faltam as palavras para exprimir e por isso desisto. Escrevo e apago.

Este foi um fim-de-semana de coisas corriqueiras e dei por mim a querer escrever sobre isso como dantes fazia. Às ponho-me a ler as parvoíces que escrevia. Rio-me de mim própria. Fico surpreendida com tudo.

Parece que estou a ler coisas de outra pessoa.

Escrevia sem letras maiúsculas porque achava ser mais democrático. Não queria que as palavras se sentissem injustiçadas. Frequentemente, as publicações consistiam em meras frases. Sinto que era muito mais criativa do que agora. Escrever não envolvia esforço de forma alguma. Não pensava em temas que poderiam ser de interesse público ou pessoal para escrever sobre eles. Nunca pensava na possibilidade de ser aborrecida, demasiado crítica, controversa, inconveniente. Simplesmente escrevia e deixava estar.

Acho que o meu cérebro funcionava melhor por tudo isso. Mantinha um diário onde escrevia tudo o que era mais íntimo, mantinha um blogue onde escrevia sobre tudo o resto e às vezes até sobre o que era íntimo. Em conclusão, era mais criativa e encarava a vida de outra forma. Se calhar mais infantil.

Se calhar, voltar a fazer tudo isso seria como voltar atrás no tempo. Não vejo mal nenhum nisso.

Vanessa

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