Jaws (Tubarão) é um filme de 1975. Se eu vos disser que The Shallows (Águas Perigosas), estreado este ano, é o melhor filme com um tubarão desde 1975, não estou propriamente a tecer um elogio.
Ora vejamos. Há uma trilogia com tubarões em tornados (Sharknado) que não vi, mas que calculo que seja interessante de se ver, se estivesse trancada num quarto sem internet e só tivesse esses filmes à disposição. Há um filme com uma avalanche de tubarões (Avalanche Sharks); sim, tubarões na neve. Há um filme onde um cientista cria um tubarão com tentáculos (Sharktopus). Há outro em que o mau da fita é um tubarão-dinossauro (Dinoshark). Há aquele em que há um tubarão fantasma (Ghost Shark 2: Urban Jaws).
Depois há todos os outros que são mais do mesmo. The Shallows é uma mistura de 127 Horas e qualquer um desses filmes que são mais do mesmo com tubarões. O facto de Blake Lively ser a actriz principal faz com que o filme pareça um conto de fadas moderno, em que a princesa está presa num sítio confinado. Felizmente a princesa vai-se safando sozinha, sem precisar de um príncipe. Até se vai safando muito bem.
O realizador Jaume Collet-Serra sabe o que faz. A Casa de Cera, Orfã, Non-Stop e The Shallows são filmes com visuais agradáveis, acção e tensão que bastem, personagens com carisma e finais que conquistam. Não são obras-primas do cinema, mas são filmes ideais para um dia chuvoso ou um domingo preguiçoso.
Eis o que podemos aprender com estas Águas Perigosas.
1. Não vão para praias cujo nome desconhecem e que são quase desertas. Se não fosse isto, não haveria filme. Que mulher com juízo iria para um sítio destes, à boleia de um desconhecido, sem falar a língua local como deve ser, sem que pelo menos uma pessoa soubesse onde estava? Saber, com coordenadas e com uma hora de regresso. "Se eu não voltar até esta hora, procura por mim, se faz favor". Posso ser uma feminista retrógrada, mas pareceu-me que o enredo alicerçou-se em pura estupidez. Logo aí torci o nariz ao filme.
2. Usem toda a bijutaria que tenham. Não faz mal se deixa a pele verde. Em situações extremas dá jeito. Se o MacGyver fosse mulher, não precisava de andar à procura de coisas à volta para fazer engenhocas. Neste filme prova-se que a quinquilharia pode ser muito útil. Bom, conhecimentos de medicina também. É sempre o melhor deus ex machina (coisas que resolvem problemas e fazem avançar ou concluem o enredo) em filmes, ser médico ou ter estudado medicina. Pronto, no The Martian ele era botânico. Deu para o gasto.
3. Nunca desistam. Estão presos numa rocha, com uma área que é duas vezes o vosso tamanho, na área de caça de um tubarão? Já têm uma ferida exposta e gangrena? Estão numa praia com uma localização secreta? Não parem quietos nem deixem de procurar soluções. Há sempre algo que pode ser usado como torniquete ou arma ou engenho. Pelo menos nos filmes. Aí também há sempre muita coisa conveniente nas imediações e há sempre forma de matar um tubarão que vos quer comer. Façam da vossa vida um filme, pronto. Assim é mais fácil.
Vanessa
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