quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O negócio da culpa

O pequeno comércio não está em vias de extinção apenas por culpa das grandes superfícies. A culpa é também dos consumidores que preferem a diversidade de oferta, o estacionamento, o horário alargado e o atendimento cordial e rápido que é difícil encontrar no comércio local. A tia Joaquina da lojinha de esquina raramente não está sisuda e lamentavelmente não tem tantas promoções como os supermercados têm.

O mesmo se passa com as farmácias versus as parafarmácias, as marcas versus os genéricos, as marcas versus as marcas brancas, o artesanal versus o industrial, a comida lenta versus a comida rápida.

O mesmo se passa com os táxis versus a Uber e a Cabify. São os consumidores que ditam quem fica e quem vai e as razões frequentemente têm que ver com preço e comodidade em medidas variáveis. 

Se todos nós nos insurgíssemos contra a concorrência, o mundo estaria perdido. Era bibliotecárias a protestar contra o Google (li isto em algum lado), lojistas a protestar contra donos de lojas online, carteiros a protestar contra provedores de email, produtores de legumes e fruta a irem a Espanha protestar contra as importações.

Hoje em dia, quando as empresas pretendem estudar os seus falhanços fazem uma coisa que se chama estudo de mercado. É assim que se percebe o que falta no nosso produto por comparação aos produtos mais vendidos. Claramente não estamos a par da concorrência, por isso vamos lá ver o que se passa.

São novos tempos e todos nós temos de lidar com isso de forma civilizada. Provavelmente daqui a uns anos o automóveis que se conduzem sozinhos vão ser comuns. O que farão os taxistas nessa altura? 

Daqui a uns anos, a maioria dos postos de trabalho com humanos vai continuar a ser substituída por máquinas. O que faremos todos nós nessa altura? Ir para a rua gritar e partir propriedade alheia não é com certeza a resposta. Estes problemas têm de ser pensados de antemão. Todos nós, como produtores e também como consumidores, devíamos começar a pensar nestas coisas. Vá lá, não sejam taxistas. Muito cedo?

Vanessa

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