Fillet Oh Fish é um documentário para quem gosta de peixinho e acha que é seguro comer tanto quanto queremos para uma dieta saudável. O documentário realizado por Nicolas Daniel conta como o consumo de peixe duplicou nos últimos 40 anos, como têm surgido no mercado novas espécies de peixe (peixe gato, estou a olhar para ti) com origens algo obscuras, e como os filetes, tão fáceis e cómodos, escondem uma verdade difícil de engolir. Se vos agucei o apetite,
aqui está o documentário no YouTube.
Para quem dispensa ver, até porque não contém legendas em português, aqui está um resumo:
1. Grande parte do peixe gato, conhecido como peixe-panga, vem do Vietname, onde é produzido em aquacultura. As águas vietnamitas são extremamente poluídas por resíduos tóxicos de fábricas e dejectos humanos, e a água da aquacultura nem sempre são protegidas da poluição exterior. O peixe é alimentado a ração e cresce ao dobro da velocidade normal. É tratado com químicos. Não há muitos estudos científicos sobre o peixe, portanto ficamos na mesma. O melhor é consumir com moderação.
2. A Noruega produz muito salmão, o que rende quatro mil milhões de euros anuais. As águas são poluídas. A maioria do salmão é de aquacultura e apresenta 14% a 34% de gordura por comparação ao selvagem, que contém 4% a 7%. O problema da gordura é que acumula concentrações de toxinas da água.
3. As espécies modificadas geneticamente, quase todas, inclusivamente salmão e bacalhau, apresentam defeitos que não vemos uma vez que o que consumimos são primariamente os filetes. Por exemplo, o bacalhau tem permanentemente a boca aberta e o salmão fica com uma carne quebradiça e de cor clara.
4. Uma investigação francesa concluiu que o salmão de aquacultura contém mais toxinas do que qualquer outro produto. Em ratos de laboratório, a inclusão de salmão não selvagem tornou os ratos obesos e diabéticos. A maioria dos poluentes do salmão provém da ração com que são alimentados.
5. O Mar Báltico é um dos mais poluídos do mundo. O peixe dessa região está contaminado com toxinas e radiação. A água deste mar não é renovada frequentemente, além de ser um ponto de acesso de nove países altamente industrializados. Uma vez que o peixe daí não é próprio para consumo humano, é usado na ração de outros peixes, como o salmão de aquacultura, que por ter mais gordura, guarda mais toxinas.
6. A ração usada apresenta níveis altos de um tipo de pesticida conhecido como etoxiquina, usado em quantidades muito moderadas para tratar borracha, frutas e vegetais. No peixe é usado para que a carne não fique rançosa. O pesticida é produzido pela Monsanto. Não há estudos oficiais sobre o impacto da etoxiquina nos humanos, excepto o de uma investigadora que foi despedida e que por isso não pode publicar as suas descobertas em publicações científicas, ainda que haja indícios de que a etoxiquina tenha efeitos nefastos no cérebro, quebrando a barreira sanguínea, e seja potencialmente cancerígena.
7. O peixe que não é usado nos filetes, incluindo a cabeça e a pele (enfim, toda a carcaça) é transformado em polpa que é usada em produtos processados, inclusivamente refeições prontas, muitas vezes sem aparecer nos ingredientes. Se a composição não indica que contém filete de peixe, provavelmente o que contém é a polpa (que tem um aspecto bem intragável). A polpa pode conter várias espécies de peixe. Da mesma forma que houve aquele caso de carne de cavalo nas almôndegas, também pode haver casos assim com peixe.
8. As autoridades francesas, que durante 30 anos aconselhavam o consumo ilimitado de peixe, aconselham agora a que se consuma peixe no máximo duas vezes por semana.
9. Médicos e nutricionistas temem os efeitos da produção de aquacultura na saúde humana, especialmente em termos de doenças como o cancro, ainda que não abundem estudos científicos na matéria.
10. O melhor é consumir peixe pequeno, rico em nutrientes, como a sardinha e o carapau, e evitar o consumo frequente de peixes grandes e gordos como o salmão, especialmente se for de aquacultura.
Nota: isto é um resumo do documentário, mas pode conter vestígios da minha própria parcialidade.
Vanessa