O desaparecimento de pessoas sempre me despertou atenção. Não sei quando começou o interesse. Hoje em dia há imensos vídeos no YouTube sobre o assunto. Todas as semanas vejo ou leio sobre este tópico. Não sei ao certo porquê. Tornou-se um passatempo mórbido que o YouTube alimentou através da lista de recomendações.
Acontece que além disso, qualquer dos livros mais recentes que tenho comprado por gostar dos autores ou porque algo nesses livros me captou a atenção, retrata de formas variáveis desaparecimentos. É como quando ouvimos um nome pela primeira vez e de repente vemos ou ouvimos o nome em todo o lado.
Quanto mais peculiar forem os casos, mais tento saber mais sobre eles. Começou certamente com o desaparecimento e posterior morte de Elisa Lam, uma rapariga do Canadá que em 2013 fez uma viagem pelos Estados Unidos e evaporou-se. É um caso bizarro em todos os seus detalhes e associações.
Há um vídeo de Elisa que a polícia divulgou. No vídeo, Elisa estava no elevador do hotel Cecil em Los Angeles, Estados Unidos, onde posteriormente foi encontrada morta num tanque de água de difícil acesso. Saber que aquelas são as últimas imagens de uma jovem de 21 anos é intrigante e assustador.
No vídeo, vê-se a jovem a carregar em vários botões e a gesticular, apesar de não se ver outras pessoas por perto. Nessa noite, Elisa, aparentemente se, se saber como, foi parar ao tanque de água do hotel, onde só foi encontrada cerca de 19 dias depois, depois dos hóspedes se queixarem da cor e da pressão da água.
O hotel é conhecido por já ter alojado assassinos em série e pessoas perturbadas, assim como suicidas. O caso tem muitas semelhanças com o enredo de um filme chamado Dark Water, incluindo a roupa com que Elisa morreu, roupas essas que estavam a flutuar na água do tanque. No mês em que Elisa foi encontrada morta, houve um surto de tuberculose na área e o teste usado chama-se, por coincidência, LAM-ELISA.
Não fui a única a ficar morbidamente fascinada com o caso. Os produtores da série televisiva American Horror Story basearam ao de leve o enredo da quinta temporada na história e no hotel, com muita ficção à mistura, e alguém em Hollywood está alegadamente a preparar um filme também baseado neste caso.
Entretanto, muitas outras histórias me cativaram. São histórias que fazem com o que o mundo pareça enorme, de tal forma que parece haver um buraco para onde caem várias pessoas todos os anos. O investigador norte-americano David Paulides tem categorizado caso a caso e verificado vários pormenores estranhos, desde a localização ao tipo de pessoa que desaparece aos detalhes destes desaparecimentos.
Em 2015, um artigo do Diário de Notícias dava conta de que a Polícia Judiciária regista anualmente cerca de quatro mil pessoas desaparecidas em Portugal. Nem todos são tão mediáticos quanto o de Rui Pedro ou de Madeleine McCann. Quase todos os desaparecimentos registados são voluntários.
Além da própria Judiciária, que tem uma base de dados online com os detalhes de cada caso recente, há várias páginas amadoras dedicadas ao desaparecimento de pessoas. Quatro mil por ano é um número surpreendente, especialmente porque o nosso país é tão pequeno. Mas foi grande o suficiente para que desaparecessem sem rasto muitas pessoas, como se vê neste blogue, algumas delas há mais de uma década.
Com o avanço da tecnologia, parece ser mais fácil acompanhar pistas para resolver os casos. O uso de câmaras de videovigilância em todo o mundo gera imagens da última ocasião em que pessoas que desapareceram foram vistas e os telemóveis ajudam também na sua localização. Ainda assim, há quem simplesmente se evapore. Há imensos vídeos no YouTube com imagens de pessoas que nunca mais foram vistas entretanto ou com gravações áudio de chamadas durante as quais se ouve a voz dessas pessoas momentos antes de algo acontecer.
Parece-me incrível que desapareçam pessoas neste século, mas acontece e continua a acontecer. O voo MH370 da Malaysia Airlines continua sem rasto. Este mês desapareceu em Cascais, Lisboa, um turista espanhol (entretanto já encontrado), um jovem na praia fluvial de Palheiros, em Coimbra (encontrado morto por afogamento), um emigrante português na cidade francesa de Bordéus (ainda não encontrado).
Mas. Um gato desaparecido há oito anos em Londres foi encontrado em Julho, mas em Paris. O gato árabe, que estava desaparecido dos olhos dos investigadores desde 2005, foi também reencontrado.
O mundo realmente é enorme.
Um pedido de desculpas aos amigos, que devem estar fartos de ser massacrados com estas histórias, sobre as quais lhes vou dando conta quando nos encontramos. Como se vê, nem o meu blogue escapou.
Vanessa
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