terça-feira, 16 de agosto de 2016

Cortar no açúcar: vamos a isso?

Já repararam que a maioria das embalagens de cereais contêm uma espécie de sobremesa e não pequenos-almoços? Se não repararam, andam distraídos. Ou já estão drogados pelos sacarídeos.

Quando se começa a ler os rótulos dos produtos, fica-se abismado com a quantidade de nomes de difícil pronúncia e também com a quantidade de açúcar, quando se conhece todos os seus sinónimos. Há imensos.

Comecei a ter cuidado com a ingestão de açúcar depois de ler alguns estudos sobre a influência dos sacarídeos em certos tipos de doenças oncológicas e depois de me aperceber de que as papilas gustativas são muito facilmente treinadas. Mais difícil é o cérebro passar pelo período de abstinência, mas isso passa rápido.

O primeiro passo foi cortar no açúcar branco. A maior fonte de consumo, no meu caso, era o café e o chá. Foi aí que fui reduzindo a quantidade. Nunca coloquei um pacote inteiro de açúcar na bica, mas de metade passei a colocar cada vez menos até deixar de colocar e trazer para casa as saquetas. O resultado num mês:

As papilas gustativas renovam-se entre 10 dias a duas semanas. Primeiro estranham, mas depois habituam-se de tal forma que não conseguem voltar a apreciar o açúcar, se gostarem mesmo da bebida na qual o colocam. E eu não acredito que quem coloca açúcar no café goste mesmo de café. É um preconceito meu. Também não acredito que quem gosta de chocolate goste de cacau ou que quem enche uma salada de maionese goste de salada.

Esta semana, enfrentei o último desafio ao palato: iogurte natural. Nunca me imaginei a comer iogurte sem adicionar algo doce, mas como não havia mel em casa, adicionei umas sementes e frutos secos e decidi saltar a típica colher de mel. Não custou quase nada e aprendi que gosto mesmo de iogurte.

O segundo passo para cortar a quantidade de açúcar que ingeria foi aprender a reconhecê-lo nos rótulos. É que este diabinho tem várias caras. Açúcar pode ser xarope de glicose ou xarope de açúcar invertido; glucose, maltose, lactose, frutose, dextrose e maltodextrina. Estão aqui listados açúcares puros e também substâncias que no corpo são sinónimo de açúcar mesmo que na prática não o sejam. Aí reside o grande problema.

O nosso corpo adora açúcar, porque açúcar é energia. Há pessoas que não gostam de picante, de ácido, de gorduroso. Mas conhecem alguém que não goste de doce? É raro.

Se não usarmos o cérebro para tomar decisões, o corpo está em permanente estado de suspeita. Para ele, é preciso armazenar para alguma eventualidade. Que camelo. Mas ele não tem culpa que uns 80% dos produtos do supermercado tenham açúcares adicionados. E não tem culpa das nossas más escolhas.

O terceiro passo foi perceber em que alturas dá vontade um docinho. O açúcar vicia facilmente e dá-nos uma dose instantânea de ânimo que procuramos em certas alturas da vida. Mas os períodos de ausência de açúcar causam ali uma depressãozinha também. Quando as papilas gustativas estão habituadas ao sabor dos alimentos e das bebidas sem o açúcar, quando nos apetece algo doce não é raro as razões serem emocionais.

O cérebro é extremamente eficiente em pensar nas alternativas mais fáceis e rápidas de obter o que precisa. Nós é que temos de ter consciência sobre o que escolhemos ingerir e sobre o tipo de lacuna que queremos eliminar. O buraco emocional não é preenchido por chocolate ou por gelado. O açúcar mascara-se de salvador da pátria, mas depois vai-se a ver e ainda há crise. Crise e a tal depressãozinha pós açúcar.

Se depois disto ainda vos apetece algo doce, deixo-vos com algumas fotos sugestivas que tirei com o telemóvel numa altura em que fartava-me de fotografar imagens para usar em artigos. São alternativas (mais) saudáveis (do que uma bola de berlim) ao bichinho, para que não deixem que ele vos consuma.
Fruta fresca.

A minha preferência são estas embalagens de coco já cortado que os supermercados têm na área dos produtos frescos. As lojas Celeiros também têm umas lascas de coco tostadas que são óptimas.

Fruta desidratada ou a fazer de batatas fritas. Agora está na moda.

Frutos secos mais doces como figos, passas, papaia, manga. Até aloe vera já vi.

Em vez de sobremesa, um iogurte natural com um pouco de mel, muesli ou fruta.

Um bolinho saudável de vez em quando, de preferência feito por vocês e com menos açúcar do que a receita. O Celeiro também tem uns bolos à fatia, que não sendo a coisa mais saudável do mundo, até são bons.

O sushi do mais tradicional, isto é, sem aqueles molhos todos e toppings fritos, com o seu arroz adocicado, até mata o desejo. Se tiver abacate e outras frutas, sementes de sésamo e frutos secos, melhor.

Saladas com muita textura e fruta misturada.

Outros: castanhas e batata doce, chocolate negro com mais de 70% de cacau, gelatina, usar canela como condimento, fazer um chá com um pouco de mel ou água aromatizada.

Vanessa

2 comentários:

marta filipa disse...

Ainda bem que gostaste e espero vir a ser uma ajuda na tua aventura pela fotografia! Se surgir alguma dúvida não te esqueças de mandar e-mail ou deixar nos comentários! :)
Eu também aprendi muita coisa apanhar as metáforas de outras pessoas e por isso é que gosto de as partilhar. Isto é tudo fácil de aprender e atender, ainda mais, se a explicação nos for 'simplificada' não é mesmo?


p.s: vou guardar esta publicação nos favoritos para ler quando tiver tempo. é um tema que me tem vindo a interessar nos últimos tempos :)

Vanessa Sousa disse...

Obrigado pela disponibilidade. Até agora tenho tirado fotografias por instinto. Já tinha aprendido parte da teoria, mas habitualmente vou improvisando, que também é divertido. Depois acabo por esquecer a teoria e tenho de voltar a relembrar.

Obrigado pela visita.

Vanessa