terça-feira, 29 de março de 2016

Modéstia à parte

Esta noite sonhei que todo o meu cabelo se tornava grisalho, depois branco. Sempre considerei os cabelos brancos exemplo de sabedoria. Quer isto dizer que ao meu cérebro falta-lhe modéstia. Sempre considerei a falta de modéstia exemplo de falta de sabedoria. Em que ficamos? Ficamos na mesma, pois claro.

Falando em modéstia, ainda tenho alguma habilidade para jogar Monopólio. Quem me segue no Facebook sabe que comprei um Monopólio de edição indiana. Tenho jogado especialmente com o meu primo. Infelizmente, como no mundo real, só habilidade não chega. É preciso também uma dose de sorte. Ou conhecimentos.

Não vejo o meu melhor amigo há anos. Há quantos, mesmo, R.? Vês a falta de modéstia? Sei bem que lês este blogue. Ainda ontem falámos disso, de ter conhecimentos. Cunhas, portanto. Alavancas.

Nenhum de nós tem. Já vimos que sem nepotismo isto não vai lá facilmente. Mas dificilmente conseguiremos. Digo isto sem negativismo, querendo dizer que mesmo com dificuldade conseguiremos.

A língua portuguesa está cheia de armadilhas. Ainda ontem dizia isso a outro R.

A semana passada uma outra amiga de anos, a J., encontrou uma carta minha na qual eu dizia que eu e dois amigos, incluindo o R., seríamos donos de um casino por esta altura das nossas vidas. Ah!

Ainda ontem comentámos aqui em Goa que o que não faltam são casinos e nós aqui, a jogar com dinheiro falso, rupias de brincar, e a comprar propriedades imaginárias mas com correspondência real.

Já comprei o Mumbai imaginário duas ou três vezes, mas não lá ia agora mesmo que me pagassem. Comprei todas as estações de comboio, certa vez, mas ainda não andei de comboio aqui. Já comprei a estação de Chennai e a própria cidade de Chennai, onde a minha tia-avó, em cuja cama me sento agora, faleceu.

O meu cérebro, que ontem sonhou que a cabeça que ocupa se tornava grisalha e depois branca, tem passado muito tempo a fazer correspondências entre aqui e lá, palavras que ouvi ontem e palavras que ouvi hoje, pessoas que me acompanham fisicamente e pessoas com quem apenas falo digitalmente. Talvez o meu cérebro pense que uma cabeleira branca é uma cabeleira de pessoa cansada e não de pessoa sapiente.

Modéstia à parte, tenho um cérebro muito trabalhador.

Vanessa

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