sexta-feira, 18 de março de 2016

A primeira vez

Ontem passámos mais uma manhã a tratar de burocracias. Parece mentira, mas andamos há pelo menos dois meses nisto e no entanto tenho a impressão de que os assuntos continuam pendentes e nada é tratado.

Confesso que já tinha ouvido dizer que aqui às vezes é preciso passar dinheiro debaixo da mesa.

Longe de mim querer contribuir para a corrupção de um país alheio, mas já quase me ofereci para pagar a um funcionário público para ser ele a tratar de um documento nosso. Se isso é suborno? Depois de tanto tempo em busca daquilo que parecem ser unicórnios, já não me interessava. Foi quase apenas um pedido de ajuda. Foi qualquer coisa como, "Conhece quem me possa fazer isto?" Não, não conhecia. "Se eu lhe pagar, o senhor faz isto?" Ele disse que não podia. O assunto morreu ali.

Mas ontem, ontem a história foi diferente. Ontem, pela primeira vez um funcionário público ofereceu-se para agilizar um documento de que precisávamos se pagássemos 1000 rupias.

Ontem olhei a corrupção nos olhos. Aquela sobre a qual já tinha ouvido falar tantas vezes.

Bem dizia um amigo recente que fiz em Goa, que é britânico e que já conhece esta terra há uns 20 anos, que em Goa não há corrupção no sistema; em Goa a corrupção é o sistema.

Vanessa

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