quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Da crise do jornalismo

Diz esta notícia do Público que "os jornalistas têm salários baixos, muitos têm vínculos precários e abandonam a profissão cedo. Estas são algumas das conclusões de um inquérito a jornalistas portugueses feito por João Miranda ... O estudo, desenvolvido em 2015, contou com respostas de 806 profissionais de todo o país. Existem em Portugal mais de sete mil repórteres, segundo o Sindicato dos Jornalistas". A maioria dos jornalistas inquiridos recebe menos de 1000 euros por mês. Há ali uns 20% que trabalham em regime de freelancer.

Não é nada que já não se soubesse. O que é engraçado é que provavelmente todos os analisados são na verdade os privilegiados que têm carteira de jornalista. Muitos conheci eu que não a têm. Não me admira que o número que o sindicato apresenta não seja também como o número de desempregados no país, que tem em conta apenas aqueles que estão registados e não os outros que já desistiram de fazer parte dos números oficiais.

Dos meus colegas do curso de jornalismo, contam-se pelos dedos das mãos aqueles que estão a exercer com condições razoáveis, o que defino como ter um contrato. Os restantes, eu incluída, estamos noutra ou porque a lotação estava esgotada ou porque as condições não o permitiam. Chegava a ser preferível trabalhar num call center ou numa caixa de supermercado do que ser jornalista, que a paixão não paga contas.

É irónico que estejamos na era da informação e aqueles que a produzem e transmitem estejam em tão maus lençóis. Pior fica o resto da sociedade, mal informada sem se aperceber. Mas a ignorância não faz avançar.

Vanessa

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