Tenho especial apego por artistas e com esse apego um estranho sentimento de posse. É também um misto de orgulho e obsessão. Por exemplo, Paul Auster. Depois de ter lido o Palácio da Lua em adolescente e a Trilogia de Nova Iorque já na idade adulta, passei a consumir os seus livros. Quase literalmente e durante muito tempo quase exclusivamente. Tive a sorte de me apegar a um escritor prolífero. Mais tarde conheci Auster, a esposa (também escritora) e a filha (cantora) no Lisbon & Estoril Film Festival. Não houve grande interacção, excepto este ponto alto: a filha pediu-me lume e eu não tinha. Mas respirámos todos do mesmo ar naquela noite.
Sempre que oiço alguém falar de Paul Auster ou pegar num dos seus livros numa livraria, um pequeno demónio desdenha da pessoa. Olha para ela, nem deve sequer conhecer um quinto do que Paul Auster escreveu. Provavelmente nem sabe que em Oracle Night há uma menção a cadernos azuis portugueses que uma personagem comprou ou que Auster inventou um jogo de cartas. Eu descobri-o primeiro.
Em adolescente vi o filme Drácula 2001 alugado já em DVD num clube de vídeo. Não é o supra-sumo dos filmes de terror, mas deu-me a conhecer um actor, que por acaso me tinha passado ao lado numa mini-série chamada Átila. Nasceu uma fã do actor Gerard Butler. Nos inícios da internet, inscrevi-me num fórum de fãs. Conheci algumas delas. Esperei dois anos pelo Fantasma da Ópera, sem nunca o ter ouvido cantar, sempre atenta a novidades. Passei por toda a fase de reconhecimento de uma fama crescente. De ter de o dividir com outras fãs. De ver as salas de cinema dos seus filmes crescentemente mais cheias. De o ver em êxitos de bilheteira. De ter a sensação de que eu descobri-o primeiro, antes de ser tão famoso, e lhe vi o potencial.
Também em adolescente vi Memento, de Christopher Nolan. Já me desenrascava na internet, por isso encontrei o primeiro filme e o filme a seguir ao Memento, já com actores de calibre. Eu era fã. Agora sou super-fã. Eu descobri-o primeiro. Nolan agora é famosíssimo. Mas eu descobri-o antes do sucesso da trilogia Dark Knight. Vi Following sem restrições. Tantas, tantas vezes. Vi Memento de trás para a frente depois de o ver de frente para trás. Agora todos os fãs de Nolan se acotovelam para ver um filme cujo trailer não mostrou quase nada porque agora todos conhecem o seu potencial. Aquele que eu reconheci em primeira-mão.
Estes são alguns dos exemplos. Pode-se dizer que o que tenho são ciúmes e um sentimento de exclusividade que não me pertence. Afinal de contas, estas e outras personalidades alimentam um público e não interessa quem foi o primeiro a chegar à fila da frente. Ainda assim, eu tenho essa sensação de posse. Mas também de orgulho. Conhecia-lhes o potencial. Agora vejo-o nos olhos dos outros. Vejo o seu impacto nas respectivas indústrias. Ainda assim sou mais ciumenta com estes homens, e também mulheres (ficam para um outro post só dedicado a elas), do que o sou com qualquer outra relação que tenha tido ou que ainda tenha.
Na minha mente de fã alucinada, eles são meus primeiro.
Vanessa
Sempre que oiço alguém falar de Paul Auster ou pegar num dos seus livros numa livraria, um pequeno demónio desdenha da pessoa. Olha para ela, nem deve sequer conhecer um quinto do que Paul Auster escreveu. Provavelmente nem sabe que em Oracle Night há uma menção a cadernos azuis portugueses que uma personagem comprou ou que Auster inventou um jogo de cartas. Eu descobri-o primeiro.
Em adolescente vi o filme Drácula 2001 alugado já em DVD num clube de vídeo. Não é o supra-sumo dos filmes de terror, mas deu-me a conhecer um actor, que por acaso me tinha passado ao lado numa mini-série chamada Átila. Nasceu uma fã do actor Gerard Butler. Nos inícios da internet, inscrevi-me num fórum de fãs. Conheci algumas delas. Esperei dois anos pelo Fantasma da Ópera, sem nunca o ter ouvido cantar, sempre atenta a novidades. Passei por toda a fase de reconhecimento de uma fama crescente. De ter de o dividir com outras fãs. De ver as salas de cinema dos seus filmes crescentemente mais cheias. De o ver em êxitos de bilheteira. De ter a sensação de que eu descobri-o primeiro, antes de ser tão famoso, e lhe vi o potencial.
Também em adolescente vi Memento, de Christopher Nolan. Já me desenrascava na internet, por isso encontrei o primeiro filme e o filme a seguir ao Memento, já com actores de calibre. Eu era fã. Agora sou super-fã. Eu descobri-o primeiro. Nolan agora é famosíssimo. Mas eu descobri-o antes do sucesso da trilogia Dark Knight. Vi Following sem restrições. Tantas, tantas vezes. Vi Memento de trás para a frente depois de o ver de frente para trás. Agora todos os fãs de Nolan se acotovelam para ver um filme cujo trailer não mostrou quase nada porque agora todos conhecem o seu potencial. Aquele que eu reconheci em primeira-mão.
Estes são alguns dos exemplos. Pode-se dizer que o que tenho são ciúmes e um sentimento de exclusividade que não me pertence. Afinal de contas, estas e outras personalidades alimentam um público e não interessa quem foi o primeiro a chegar à fila da frente. Ainda assim, eu tenho essa sensação de posse. Mas também de orgulho. Conhecia-lhes o potencial. Agora vejo-o nos olhos dos outros. Vejo o seu impacto nas respectivas indústrias. Ainda assim sou mais ciumenta com estes homens, e também mulheres (ficam para um outro post só dedicado a elas), do que o sou com qualquer outra relação que tenha tido ou que ainda tenha.
Na minha mente de fã alucinada, eles são meus primeiro.
Vanessa
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