Tinha este livro na estante há anos. Não sei precisar quantos e prefiro não pensar nisso para não ter vergonha. Acontece que já o tinha tentado ler pelo menos duas vezes. Mas agora, tendo já visitado parte da Índia, tive a certeza de que ia terminar de o ler. A verdade é que ainda bem que esperei para ler O Deus das Pequenas Coisas de Arundhati Roy, porque não o conseguiria apreciar em mais nova como o apreciei agora.
O livro conta a estória de três gerações de uma família em Kerala, na Índia. A narrativa poética desfaz-se nos olhos e prende a imaginação. Pareceu-me uma estória feita de pequenas crueldades e pequenos momentos de felicidade, exorcizada de uma mente estranhamente infantil como se todas as descrições tivessem sido construídas por uma criança extremamente inteligente. Não sei de que outra forma explicar o livro.
Pareceu-me uma estória sobre muito, mas o que para mim mais se fincou foram os amores proibidos. O de Rahel e Estha, gémeos biovulares, o da sua tia-avó por um reverendo, o da sua mãe, Ammu, pelo seu pai, e mais tarde por Velutha, o do tio Chacko por uma britânica, o amor dos humanos pela ordem das castas ou pela revolução. Tudo isto sob o olhar ou sob a sombra do deus das pequenas coisas.
É um livro que exige atenção a cem porcento e, no meu caso, uma folhinha e uma caneta para não me esquecer de todas as personagens e suas ligações. Há obras que valem a pena o esforço.
Por coincidência, fui ontem à Fnac e vi que Arundhati Roy lançou um segundo romance há pouco tempo, 20 anos depois deste. The Ministry Of Utmost Happiness. O nome é muito promissor.
10/10
Vanessa
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