quinta-feira, 6 de julho de 2017

A culpa é do ar

Já descobri por que razão não tenho muita sorte em geral. Um exemplo aqui

Fui a uma daquelas lojas com coisas místicas, como incenso, Budas, cristais, e até sabonetes, os mesmos que se vendem no Celeiro (vá-se lá entender). São o meu local preferido para comprar velas, estas lojas, porque sai sempre de lá alguma pérola. Já tive quem me lesse a aura (é púrpura, sinal de criatividade e misticismo), quem me dissesse que a minha alma data centenas de anos, quem me perguntasse se sou pianista (está perto, só que o meu teclado não solta ruídos muito musicais), e até quem previsse que ia chover num dia de sol (aconteceu).

Não sou de atribuir muito significado ao que dizem as velas ou às suas cores. Normalmente sou atraída pelo aroma, pelo formato, e acima de tudo pelo preço. Nesta loja em particular há muitas velas. A senhora tenta sempre explicar a que se destinam as cores e às vezes tenta que eu leve daquelas velas que também estão à venda nas lojas dos chineses, com rótulos como "Abre Caminhos" e "Sorte no Amor" e "Afasta o Mau Olhado".

Eu dessas compro nas lojas dos chineses porque são mais baratas, por isso optei por uma das outras, com umas cores genéricas. Por alguma razão e apesar de já frequentar esta loja há uns anos, assim muito de vez em quando, a lojista decide explicar-me que a vela, azul que era, tinha como intuito trazer tranquilidade e prosperidade, mas que para funcionar eu tinha de declarar a minha prece antes de a acender e depois não a podia apagar, muito menos com um sopro. A vela deveria arder até ao fim para cumprir a prece.

Pelos vistos, não só o sopro afasta o que a vela representa, como pode trazer distúrbios do foro espiritual. What?! Estas coisas deviam vir a vermelho e letras caixa alta no rótulo de todas as velas místicas. Em toda a minha vida, sempre apaguei com um sopro as velas, todas elas, até aquelas que prometem abrir caminhos e sorte no amor e afastar o mau olhado (apesar de não acreditar, são velas baratas e cheirosas, e se atraem coisas boas, por que não?), e só agora soube disto. Não admira que tenha azar no geral. Aliás, não sei como ainda não morri.

Quiçá conseguirei reverter todos estes anos de más práticas espirituais. Perdoem-me deuses, anjos, arcanjos, seres extraterrestres, sobrenaturais no geral. Nunca mais contaminarei as vossas boas vibrações com o ar proveniente dos meus pulmões. Agora preciso de encontrar uma vela para reverter o mal feito.

Vanessa

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