segunda-feira, 13 de março de 2017

Raízes

Ser emigrante é conhecer família de vez em quando e tentar reconhecer em perfeitos desconhecidos laços que nunca se desenvolveram. É receber em casa sangue do mesmo sangue sem que se sinta familiaridade para com as pessoas. É ver pessoas parecidas connosco, com as mesmas origens, mas com destinos diferentes; destinos que podiam ter sido os nossos se tivéssemos permanecido. Ser emigrante é viver em fragmentos, procurar intimidade em pequenos momentos e saber que instantes contam como a convivência de anos. Ser emigrante é só pensar nestas coisas quando se encontram desconhecidos que são família porque é nesses momentos, mais do que em quaisquer outros, que ser emigrante parece ser a pior que pode acontecer a uma pessoa. É aí que ser emigrante é o mesmo que ser um lobo sem alcateia, um país sem terra,  uma árvore sem raízes.

Vanessa

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