Vou ao café e peço uma italiana,
Trabalhar como um mouro assim requer,
A solução à noite é raiz de valeriana.
Mas por vezes nem isso resulta sequer.
Fala-se tanto em globalização.
Eu cá acho que é só para inglês ver.
Tabelou-se por baixo a padronização
Parece que tudo é feito para despromover.
Uma pessoa trabalha que nem um escravo,
Mas vê-se grego para ter o que quer.
Porque o trabalho árduo não vale um chavo
Ter casa hoje, só de aluguer.
Mas hoje em dia até um tecto é sinal de opulência,
Por isso a casa dos pais é a melhor defesa.
Qualidade de vida hoje é mera subsistência.
Não há cá viver à grande e à francesa.
Se comer um bife tenho o rei na barriga,
Qualquer coisa é acima das nossas possibilidades.
As regras da sociedade parecem chinês, que fadiga.
Para perceber, devia ter ido para as Novas Oportunidades.
O que melhor funciona neste mundo são as facturas
Que vêm com pontualidade suíça impressionante.
Ouvi falar e aprendi a cortar nas gorduras
Que remédio se tem quando se é insignificante.
Pagar contas e gerar riqueza é nosso dever,
Por isso se não há trabalho, olha, abre uma empresa.
Se isto vai melhorar, é pagar para ver.
Assim chegou a globalização à casa portuguesa.
Com certeza.
Vanessa
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