Quando ia de comboio para o trabalho inspirava-me nas muitas mulheres que aproveitam a viagem para fazer coisas que provavelmente ficam esquecidas o resto do dia. Por isso, obrigava-me a ter sempre uma bisnaga de creme para as mãos na mala, porque havia sempre alguma mulher que massajava o sono matinal nas mãos e que consequentemente me inspirava a fazer o mesmo, e a carruagem ficava a cheirar a feminino.
Ora agora é o massajas. Apesar de estar constantemente ao teclado, de lavar loiça à mão, de ter muito amor às mãozinhas, não lhes dou valor nenhum quando chega a altura do vamos a ver. É que me esqueço. Não há o incentivo alheio na carruagem do comboio ou a bisnaga está longe e eu tenho preguiça de a ir buscar.
De vez em quando lá as brindo enquanto estou a ver algum filme ou série ou vídeo. Às vezes ainda levam uma manicura com direito a tratamento de cutículas e essas palermices. Mas é raro e não pode ser raro.
A situação está a tornar-se grave. Quem acha que só quem trabalha na agricultura é que ganha calos é porque nunca teclou a sério. Já tenho calos em dois dedos, um deles o indicador direito, de tal forma que qualquer dia a minha impressão digital já não é reconhecida. E nem falemos nas cutículas ou nas unhas.
Também já ando para experimentar uma manicura profissional há algum tempo e já decidi que aos 30 é que é. Normalmente consigo um bom efeito nas minhas unhas quando me empenho e por isso nunca senti necessidade de ir à manicura, mas uma vez que se aproximam os meus anos, acho que será um bom presente.
Juro que não me lembrei de escrever sobre isto no seguimento do post sobre o Donald Trump. É mesmo por falta de assunto e porque me apeteceu ser fútil por um bocadinho. Tenho andado a trabalhar nisso. No outro dia até comprei umas botas e nem sequer pensei na quantidade de livros que não compraria com o mesmo dinheiro. Mas isto da futilidade é uma aprendizagem constante. Lá para os 50 já sou profissional.
Vanessa
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