Nunca estou à espera de fazer anos. Dou-me conta um mês antes, que é precisamente hoje, e depois na véspera ou coisa assim. Por isso, nunca marco nada, muito menos com antecedência, com excepção de uma vez ou outra, tipo os 18 e os 25, a maioridade e o quarto de século. Tirando isso, nada de festas.
Nunca gosto de fazer anos, não porque tema a idade ou tenha pavor da velhice, mas porque não gosto do passar do tempo (sou assim como o Peter Pan) e porque não estou nem de perto onde e como gostaria de estar. Desde a adolescência tenho a impressão de que me venderam gato por lebre na vida em geral.
Nunca pensei chegar aos 30 sem morar sozinha e nunca pensei chegar aos 30 sem nunca ter tido privilégios que a minha ascendência teve, como um emprego estável, subsídio de férias e natal (é verdade, nunca tive nem um nem outro) e a possibilidade de fazer planos pelo menos a médio prazo sem preocupações.
Nunca pensei descer tanto a fasquia como desci e nunca pensei estar bem com isso.
Por outro lado, nunca pensei que fosse tornar-me minimalista em tudo menos nos prazeres da vida ou que pudesse ter tanta liberdade com tantas condicionantes. Nunca pensei que a vida me fosse dar limões e que aprendesse a gostar de limonada sem açúcar e que ainda por cima a limonada me soubesse doce.
No fundo, digo mais nunca do que gostaria e isso é a resolução deste ano: deixar de pensar no nunca, não me preocupar com o sempre e "atirar as costas para trás do passado" como disse o Pumba no Rei Leão. Afinal de contas, tenho o copo meio cheio de limonada. Por isso, Hakuna Matata.
Vanessa
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