segunda-feira, 2 de maio de 2016

Nem que me pagassem

Note-se que toda esta publicação é uma fraca tentativa de humor. Nada é para ser levado a sério.

Ofereceram-me a oportunidade e eu não aceitei. Não, obrigado, disse eu. Acrescentei ainda que gosto de ter os pés bem assentes na terra. Subir para o barco com a minha câmara, com o mar revolto, já foi uma grande demonstração de coragem da minha parte. Arriscar (ainda mais) a minha vida por 1000 rupias para andar pelos ares debaixo desse saco paraquedas (ou parapente?) remendado? Nem pensar.

Bom, já me viram andar naqueles carrosséis duvidosos da Feira Popular ou daquelas festas de aldeia onde o cinto mais parece uma fivela de velcro e o nosso centro de gravidade fica mais baralhado do que um cidadão português (eu) que tenha de escolher uma senha para ser atendido em serviços públicos e os sapatos quase saltam e atingem algum transeunte, qual momento estilo Final Destination. Mas não é a mesma coisa.

Primeiro porque estou na Índia. Padrões de qualidade europeus aqui são luxo, só para terem uma ideia de como as coisas aqui funcionam. Segundo porque detesto mar alto e duvido que as aulas de natação me safassem em circunstâncias reais. Não há crawl que aguente as correntes daqui. Terceiro porque não gostaria de pagar (apenas) 1000 rupias para depois me afogar. Convenhamos. A minha morte certamente vale mais do que isso.

Se acham que estou a exagerar, imaginem o seguinte cenário e digam lá se não tenho razão.

O barquinho mal aguenta a força das ondas. Por várias ocasiões pensei que fosse virar. Juro que a minha principal preocupação era a minha câmara. Seis meses num call center para a conseguir comprar. Isso diz tudo. Bastava ali um ventinho mais forte ou uma corrente para o sacrifício ir por água abaixo.

Os homens eram esqueléticos. Prova disso é que mal aguentavam com o dito saco paraquedas quieto.

A única coisa a assegurar que o paraquedas não fugia era uma corda. Daquelas bem finas, já com algumas pontas soltas. Não sou mestre em física, mas gosto de ver robustez. Robustez é sinónimo de segurança.

Não gostaria de ser protagonista de uma piada seca. O que é um pontinho colorido e molhado no céu em alto mar num ângulo muito estranho? Uma Vanessa muito, muito medrosa. Não.

Depois havia esta possibilidade. Testar a água. Isso faço na praia mesmo, obrigado. Estou bem aqui, já disse.

 Hum. Não. É giro de se ver. Eu disse ver. Experimentar não. Fica bem é na fotografia.

Vi no Science of Stupid no National Geographic qualquer coisa sobre conseguir deslizar na água com os pés. É preciso um ângulo específico e não sei quê. Dá muito trabalho. Se parece divertido? Lá isso parece. Dispenso tal diversão, para dizer a verdade. A minha noção de diversão na praia é estar à sombra a ler.

Vanessa

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