quarta-feira, 4 de maio de 2016

Maio

O calor e a humidade agarram-se ao corpo com fervor. O torpor dura um dia inteiro e só arrefece à noite. Às vezes o sono é interrompido, uma vez, várias vezes, porque o corpo acorda para o abraço apertado de uma neblina tépida do qual não se consegue libertar. A pele escorre constante e copiosamente.

O chão custa. As pálpebras pesam. Os braços e as pernas cansam. Maio é um verbo passivo. Se não estivesse calor. Se estivesse mais fresco. Se não fosse Maio. As possibilidades vão adormecendo.

O tempo pára, enrolado na quentura. Os dias arrastam-se pesadamente. Ainda assim, o tempo voa.

Vanessa

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