Candidatei-me a uma vaga na casa real britânica. Não sei se consigo definir o posto, mas é qualquer coisa como gestor de redes sociais ou, numa tradução mais literal, director de interacção digital.
Foi um daqueles anúncios aos quais concorri não por ter esperança de ser chamada, mas porque se não concorresse ia ficar sempre com aquilo a ocupar espaço mental. Foi pelo chamado descargo de consciência, essa entidade responsável por tantas acções pelo mundo inteiro. Conhecem?
Tinha recebido um email de confirmação. Só por si já é um acontecimento raro. A maior parte das empresas portuguesas às quais concorri e que acusaram a recepção da minha candidatura tinham como objectivo prestar informações adicionais e/ou indicar que o meu avanço ao longo das fases da candidatura, fases essas que são sempre de mil para cima, seria esclarecido num email posterior, email esse que raramente nos meus 29 anos de vida chegou à minha caixa de correio electrónico, pelo menos não sem incentivo da minha parte.
Não só recebi o email de confirmação como recebi há pouco, menos de um mês após a candidatura, um email a informar que os responsáveis pela vaga já escolheram alguns candidatos e que eu, por exclusão de partes, por haver pessoas que correspondem mais ao que procuram do que eu, fico por aqui.
Ainda tiveram a amabilidade de agradecer o meu interesse e de desejar sucesso futuro.
Se foi um email gerado automaticamente e distribuído por milhares de outros candidatos? Foi. É por essa razão uma coisa má enviar um email a candidatos possivelmente esperançosos e deixá-los libertar espaço mental para outros oportunidades? Não, não é. É uma cortesia. É um gesto de humanidade.
É, acima de tudo, uma lição para todas as empresas portuguesas que tratam os candidatos como seres inferiores que não merecem resposta alguma. Que estão sempre muito ocupadas para responder a emails. Que pensam que já estão a fazer mais do que a sua obrigação ao criar um anúncio de emprego.
Não me venham cá dizer que a casa real britânica tem mais posses e tempo e que os ingleses estão habituados a estas coisas tipo serem amáveis e cumprirem etiquetas. Sei muito bem que nas empresas há muito tempo desperdiçado e sei também que um email não custa muito a escrever (e pode ser guardado para futura referência ou cópia) e que enviá-lo não requer selos ou idas aos correios.
Se automatizarem essa cena é muito mais rápido do que ir buscar um café ou abrir o Facebook.
Vanessa
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