Não, não e não. Não somos o que fazemos. Porque nem todos fazem o que querem. Porque somos mais complexos do que a soma do que fazemos ou adquirimos ou produzimos. Primeiro somos humanos.
Não é pouco comum perguntar-se desde logo a profissão quando se conhece alguém, porque está enraizada em nós a crença de que podemos conhecer um pouco das pessoas se soubermos como se sustentam.
Considero-o uma forma muito empobrecida de reconhecimento, porque o estatuto social está mais do que ultrapassado e é disso que se trata definir as pessoas pela profissão ou pela empresa onde trabalham.
A verdade é que nem todos podem fazer o que querem e ser o que fazem. Muitos de nós fazem apenas o que podem para pagar contas e financiar lazer. Por isso o que fazemos não passa de um meio para atingir o fim.
É a forma como o fazemos e o fim que atingimos que mais nos define. São os passatempos com que nos ocupamos que dizem mais sobre nós. É o que fazemos voluntariamente, a troco de prazer e não de dinheiro.
Se fôssemos o que fazemos, o que seriam as pessoas que varrem lixo ou limpam os esgotos? Somos todos mais do que o que fazemos. Somos todos um pouco de tanto, que o que fazemos nem devia ser critério.
Tudo isto é importante por quê? Para que nos lembremos de não levar tanto a sério os falhanços profissionais e os erros que cometemos em contexto de trabalho e a estagnação e tudo isso que nos preocupa.
A crise, a crise é uma coisa de valores e não de ofícios. A crise é não podermos fazer mais do que o que nos contenta porque temos de fazer mais do que o que nos sustenta. Porque é assim a vida.
Eu cá gosto mais de saber o que fazem os meus amigos quando não estão a trabalhar. O trabalho é só uma prisão que nos tranca umas horas diárias para que depois nos possamos focar na felicidade.
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Vanessa
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