segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Proporções invariáveis

Não confio nos produtos com quantidades em proporções variáveis porque invariavelmente isso significa que a embalagem vai conter em maior quantidade o elemento mais barato. Uma mistura de frutos secos com amêndoas, caju, nozes, castanha do Brasil e passas vai com certeza ter mais passas do que qualquer dos outros frutos. Um pacote com uma mistura de aperitivos vai ter em maior quantidade o mais sensaborão. Um pacote com vários biscoitos vai ter em menos quantidade aquele que tiver chocolate e em maior quantidade aquele que é só praticamente farinha e açúcar. Uma embalagem de aperitivos salgados vai ter em menos quantidade aquele que souber mais a queijo e em maior quantidade o que sabe a fécula de batata.

Se eu tivesse um blogue quando era catraia, podia ter escrito este post, mas dando como exemplo gomas. Os ursinhos vermelhos, os mais apetecíveis de um pacote, era sempre os mais raros.

O preço é o que dá logo a dica quanto à variabilidade das proporções. Quanto mais caro, mais justa é a proporcionalidade dos elementos. Por exemplo, quanto mais caro o kebab, mais carne tem.

Não comecei este post porque queria falar na possibilidade dos kebabs serem proibidos na União Europeia. Na verdade, tinha começado o post muito antes, num dia em que comprei uma mistura de frutos secos e fiquei triste com a quantidade de umas coisas em relação a outras. Mas entretanto surge a notícia dos kebabs e eu dou por mim a pensar naqueles restaurantes de subúrbio onde todos os kebabs sabem ao mesmo.

Nesse caso, a qualidade, ou por outras palavras, a quantidade de carne numa shoarma também se denota pelo preço. Quanto mais souber a carne, mais cara é. Por exemplo, sou fã da Joshua Shoarma, mas aí uma pessoa é presenteada com pedaços de carne que sabem a carne e tempero exótico. Num desses restaurantes de esquina, uma pessoa pede uma pita e recebe lascas de produto que parece fiambre, mas mais escuro.

Convenhamos. Há certos produtos que funcionam um pouco como a roleta russa. Ou como a caixa de chocolates que a mãe do Forrest Gump consumia. Uma pessoa nunca sabe o que lhe vai calhar.

Mas eu preferia continuar a ter hipóteses de escolha, só que a continuar assim, depois dos kebabs a União Europeia deve querer debruçar-se sobre os mil e um outros produtos que estão à venda e que podem conter substâncias nocivas e lá se vão mais de metade das escolhas que ainda podemos fazer. Certo?

Vanessa

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