A Porto Editora comercializa dois blocos de actividades, um azul e outro rosa, para meninos e meninas dos quatro aos seis anos, sendo o azul para eles e o rosa para elas. A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género está a analisá-los porque o bloco rosa alegadamente contém exercícios de resolução mais fácil do que os do bloco azul, e ambos recorrem estereótipos de género. O jornal Público analisou os dois manuais: "No conjunto das 62 actividades propostas, existem seis cuja resolução é mais difícil no (livro) dos rapazes e três que apresentam um grau de dificuldade superior no das meninas. Mas a maior parte das actividades reproduzem uma série de velhos estereótipos. Apenas alguns exemplos: eles brincam com dinossauros, com carrinhos e vão ao futebol, enquanto elas brincam com novelos de lã, ajudam as mães e vão ao ballet (...)" diz o artigo.
Compreendo o marketing envolvente que justifica a existência de manuais para cada género. Mas não concordo. Muito menos concordo com certas associações que se fazem entre actividades, profissões e produtos a determinado género neste século. Mas certos acontecimentos actuais que levam a este debate são ridículos. São quase sempre provenientes de estereótipos em vez de serem construtivos ou de injustiças que ainda acontecem. Acontecem porque ainda existe a ideia de que há coisas para meninos e há coisas para meninas.
Antigamente, pelo menos após o ano 1918, o rosa, cor associada à força, era para os rapazes e o azul, cor associada à delicadeza, era para as raparigas. Depois disso trocaram-se as voltas. Não se trocaram ainda as mentalidades, infelizmente. Continuamos a ter bonecas e jogos de cozinha em rosa para as meninas, e carros e puzzles em cores escuras para os meninos. Para os mais crescidos há produtos escolares em rosa e em azul. Para os adultos, produtos de depilação, desodorizantes, cremes, e produtos de higiene em geral em rosa e azul.
Todos eles com diferenças de preço, claro. Até produtos considerados essenciais para as necessidades próprias do género são diferentes, da cor ao preço, passando pela taxa de IVA e pela imposição de uso por parte da sociedade, como por exemplo lâminas de barbear para eles (se bem que agora ter barba está na moda) e maquilhagem para elas. Não me vou pôr aqui a analisar qual dos dois, o rosa ou o azul, é o mais barato.
Digo apenas que a separação de género que tenho visto ao longo dos anos tem saído cara.
Vanessa
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