William Golding, autor de O Senhor das Moscas, era frequentemente questionado sobre a escolha de ter como protagonistas do seu livro 12 rapazes em vez de raparigas. O escritor dizia que era em parte por ele próprio ser homem. Além disso, "penso que as mulheres são tolas em fingirem que são iguais aos homens. São bastante superiores e sempre foram", disse Golding numa entrevista. No entanto, o escritor sentia que um grupo de rapazes seria um melhor retrato da civilização, o que perfaz a outra parte da razão por detrás da escolha.
O livro publicado em 1954 foi adaptado ao cinema pela primeira vez em 1963 por Peter Brook e depois em 1990 Harry Hook. A estória retrata 12 meninos que tentam sobreviver numa ilha. O enredo é uma sátira e crítica de costumes que termina em violência e caos. Agora em 2017, os produtores Scott McGehee e Evan Siegel assinaram um contrato com a Warner Bros. para refazer o filme, mas com um elenco de raparigas.
Pondo de parte o facto de as grandes produtoras de cinema parecerem gostar tanto de reboots, ou de novas versões de estórias antes criadas, estes produtores que querem reproduzir este enredo parecem não perceber o intuito de William Golding ao escrever este livro, o que se calhar é um aspecto importante para a execução de um filme baseado no livro. Por outro lado, temos aqui dois homens que querem criar um filme protagonizado pelo sexo oposto. Se a ideia for recriar o enredo com raparigas sem modificar as conclusões a que chegam os 12 rapazes, o filme será contrário à ideia pessoal de Golding de que as mulheres são superiores, e não fará muito sentido se for transposto para a mesma época em que o livro foi publicado e seguir os mesmos episódios de violência. Como mulher, duvido que um grupo de 12 meninas chegasse aos extremos dos meninos do livro, e em alguns casos duvido também que chegassem o mesmo grau de eficácia, como o de criar um sistema de comunicação como o que os protagonistas criaram. Nesse caso, o filme será apenas uma vaga adaptação.
Pondo de parte o facto de as grandes produtoras de cinema parecerem gostar tanto de reboots, ou de novas versões de estórias antes criadas, estes produtores que querem reproduzir este enredo parecem não perceber o intuito de William Golding ao escrever este livro, o que se calhar é um aspecto importante para a execução de um filme baseado no livro. Por outro lado, temos aqui dois homens que querem criar um filme protagonizado pelo sexo oposto. Se a ideia for recriar o enredo com raparigas sem modificar as conclusões a que chegam os 12 rapazes, o filme será contrário à ideia pessoal de Golding de que as mulheres são superiores, e não fará muito sentido se for transposto para a mesma época em que o livro foi publicado e seguir os mesmos episódios de violência. Como mulher, duvido que um grupo de 12 meninas chegasse aos extremos dos meninos do livro, e em alguns casos duvido também que chegassem o mesmo grau de eficácia, como o de criar um sistema de comunicação como o que os protagonistas criaram. Nesse caso, o filme será apenas uma vaga adaptação.
No entanto, partindo do pressuposto de que a estória vai ser diferente e a equipa de filmagem vai permanecer com este rácio de homens para mulheres, se calhar o fenómeno vai ser parecido ao do Ghostbusters ou Caça-Fantasmas de 2016 com o elenco feminino, em que o filme era mau, mas depois a culpa era de só terem posto mulheres no elenco principal e não do argumento ou da realização. Eu cá não consigo levar a sério um filme assim realizado por homens a não ser que me venham dizer que vai haver um grupo de mulheres para fazer consultoria. O que seria parvo, porque há muitas mulheres perfeitamente capazes de realizar filmes e se calhar até tornar tudo isto numa boa idea. Parece-me muito mais sensato. Uma estória depende, para mim, das ambições e das motivações das personagens. Logo aí, não faz sentido ter dois homens a realizar.
Para concluir, eu cá até acho que já existe uma versão feminina do Senhor das Moscas. Chama-se Mean Girls (ou em português, Giras e Terríveis). Também esse filme foi realizado por um homem, mas ao menos quem escreveu o guião foi Tina Fey. Chama-se trabalho em equipa, e costuma resultar muito bem.
Vanessa