Kafka Tamura, um rapaz de 15 anos que não sabe da mãe e que aparentemente ouve vozes, foge de casa. Nakata, um sessentão analfabeto que fala com gatos, parte à aventura. Pelo meio há umas descrições na primeira ou na terceira pessoa que por vezes ligam as duas narrativas de Kafka e de Nakata, apesar de inicialmente não o parecer, ou que simplesmente causam mais confusão no leitor. Pelo menos nesta leitora.
O livro é abundante em diálogos filosóficos, personagens desenvolvidas de tal ponto que às vezes até lhes conhecemos detalhes mundanos e outros que preferíamos não saber (SPOILER: ficamos a saber que Kafka usa quatro quadrados de papel higiénico para se limpar, por exemplo), e vastas descrições.
Haruki Murakami é um autor de que gostava de gostar, mas que até agora, e especialmente depois deste livro, não me captou mais do que curiosidade porque, de facto, as suas criações são intrigantes. A realidade funde-se com uma ficção que toca no misticismo japonês e roça o fantástico e o sobrenatural.
Não é que não goste desses aspectos literários, mas normalmente distraem-me da narrativa, e porque Murakami neste livro começa com relatos objectivos, inclusivamente documentos oficiais do governo e cartas, ambos ficção, para depois deixar o leitor sem explicação... digamos, que não fiquei satisfeita.
Ao contrário de autores de culturas que me são distantes conseguem cativar a minha atenção com o imaginário de países longínquos, Murakami deixa-me frustrada pela falta de respostas e pela minha própria incapacidade como leitora para me afeiçoar às suas personagens. Nakata caiu-me no goto, mas Kafka nem tanto.
Gostei das várias referências musicais, as quais serviram como barulho de fundo à leitura. Graças a Murakami, tornei-me fã do Trio Arquiduque de Beethoven e ouvi novamente músicas como Kid-A de Radiohead.
Sinto que estou a tentar explicar-me aos eventuais fãs do autor, mas a verdade é que não me arrependo de ter lido o livro, várias questões fizeram-me reflectir e tão cedo não vou esquecer certos momentos. Talvez Murakami ultrapasse as minhas capacidades como leitura, e por mim tudo bem. Não é por isso que vou desistir de voltar à carga um dia. Sputnik Meu Amor não me deixou indiferente, por isso há esperança.
5/10
Vanessa
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