O jornalismo que eu escolhi não foi este de celebridades a serem entrevistadas durante o telejornal (ou como o da SIC em particular, que interrompeu o telejornal para informar que aquela apresentadora de televisão conhecida tinha chegado ao estúdio), nem o de passar assuntos políticos para segundo plano em prol da forma como as pessoas se vestem, nem o de fazer de concertos de bandas conhecidas assunto para escrever ou mostrar extensivamente segmentos de entretenimento, nem o de comunicados de imprensa pastados tal como foram escritos, nem o de estudos internacionais pouco mais que traduzidos e depois regurgitados sem rigor, nem o de comentar vidas alheias com base no que os protagonistas publicaram nas redes sociais, nem o de conclusões gerais enganadoras com base em dados estatísticos fora de contexto.
Ver este tipo de jornalismo é como adorar um escritor mas vê-lo constantemente publicar livros péssimos, reconhecer a importância da sua existência mas saber que o seu talento é desperdiçado pela procura de mercado, como se ele tivesse um jeito tremendo para escrever romances históricos mas começasse a escrever daqueles livros de eróticos com colecções que são nomes de mulheres, e gostar da sua mentalidade mas saber que aquilo que publica está longe da verdade. Deve ser como (analogia controversa a caminho) adoptar um filho e depois vê-lo ir por maus caminhos. Este jornalismo não foi o que escolhi, mas é este o jornalismo que nos oferecem. E depois, tal como acontece quando começo a ler um mau livro, desisto e vou fazer outra coisa. A vida é demasiado curta para consumir "notícias" como as que temos. E depois há a internet, com tantas outras alternativas, e há livros bons. Entretenimento não falta, por isso não percebo por que razão os canais noticiosos enveredaram precisamente pelo entretenimento para as massas.
Vanessa
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