sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Ilha de Faro, Algarve

Ainda antes da vaga de calor, em Julho, altura em que tantos queixumes ouvi porque o Verão parecia Inverno, deleitava-me eu com o ar fresco, a roupa de meia estação, os pijamas, os cobertores e as bebidas quentes. Eis senão quando surge uma oportunidade de rumar ao sul do país. Uma pessoa aprende a aceitar convites facilmente quando, muito mais do que do frio, abomina a rotina. A sul estava calor e onde moro chovia. Tanto um como outro me agradavam. Uma pessoa vai aprendendo a conviver com o clima. A minha câmara estava a precisar de sair um pouco e, na verdade, o telemóvel não chegava para capturar as cores tropicais do Algarve.

Em pequena, o Algarve não era destino de férias. Era o destino de ausências. Quando os meus amigos desciam o país e o parque ficava deserto, as ruas silenciosas, o subúrbio deserto, tornava-me introvertida. Calculo que acumulei grande parte dos livros que me ocupam as estantes nessas alturas e no Natal. Houve um Verão em que escrevi numa máquina de escrever. Outros em que escrevi à mão. Ainda tenho uma colectânea de estórias de aventuras que nunca vivi em papel amarelecido. Leituras de Verão, escritas de Verão. Porque toda a gente estava longe. Então, agora, ir para o Algarve é como visitar um país desconhecido. É muito parecido a viajar para longe. Raramente se ouve falar português. Com a minha tez morena, frequentemente me dirigem palavra em inglês.

Uma pessoa sente-se turista. Sente-se alienígena. Sente-se anónima. Ir para o Algarve é como existir discretamente. Observo. De onde vêm? Para onde vão? Então era aqui que os verões aconteciam em rebuliço. Com que então é isto que fazem as pessoas nas férias. Observo um pouco mais. As fotos saem como quero mesmo que às vezes esteja distraída com os meus próprios pensamentos. Entretanto voltei e facilmente podia deixar passar um mês sem olhar para estas imagens, mas elas merecem ser publicadas já.


Vanessa

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