quinta-feira, 5 de abril de 2018

King

Tenho tido algum azar com as minhas recentes escolhas literárias. Quando assim acontece, recorro a escritores que nunca me desiludiram. Desta minha lista constam uns quantos, talvez menos de dez, mas invariavelmente recorro a Stephen King. É estranho um autor de estórias de terror ser o meu porto (literário) seguro. É também uma sorte, porque King já assinou 204 livros, por isso há variedade, e também porque mesmo quando o enredo não me cativa como gostaria, nenhum livro me desilude. Tem qualquer coisa que ver com a escrita.

Outros escritores prolíferos que nunca me desiludiram são Paul Auster, Agatha Christie, Arthur Conan Doyle... e José Saramago. Claro que há outros, como Jane Austen, Wilkie Collins, ou as irmãs Brontë. Mas Stephen King ganha sempre. Há a comida caseira reconfortante. Massa com queijo, puré de batata, piza, arroz xau xau. Há músicas que nunca passam de moda. Há roupas já antigas que conhecem as formas do corpo e que sabem bem na pele. E depois há escritores cujas palavras têm o toque familiar de tudo o que acabei de escrever.

Os livros de Stephen King estão nessa categoria. Pensando melhor, talvez estejam numa categoria à parte, como quando apetece especificamente um hambúrguer do McDonald's e não um hambúrguer qualquer ou uma piza da Pizza Hut e não qualquer outra ou um gelado da Häagen-Dazs em vez de outros. Só que cada vez que leio um livro de King, é um livro novo. Nunca reli algum. É sempre uma estória por estrear. Não é como os livros do Harry Potter. É um fascínio renovado de cada vez. Não é como os livros gastos do uso porque regressar a certos universos é como chegar a casa. É mais um livro na estante que nunca foi tocado. Não é como descobrir algo novo num livro que já se leu. É um cenário nunca antes visitado. Não é voltar a travar amizade com personagens que uma pessoa conhece como amigos. São personagens desconhecidas ainda. É muito.

Vanessa

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